A nova área materno infantil na unidade I do Centro Hospitalar de Vila Nova de Gaia/Espinho (CHVNGE), que integra um investimento de mais de 12 milhões de euros, deverá estar pronta até ao final deste ano. A garantia foi dada esta terça-feira por Rui Guimarães, presidente do conselho de administração, durante uma visita do primeiro-ministro, António Costa, e da ministra da Saúde, Marta Temido, às obras e também durante a inauguração da nova unidade de cuidados intensivos polivalentes do hospital.

“Estamos a iniciar uma mudança difícil, da unidade II, no centro da cidade, para a unidade I, onde tudo isto faz todo o sentido, não só por uma questão geográfica de proximidade, mas porque faz mais sentido mudar de instalações do que obrigar as pessoas a mudar de um lado para o outro”, explicou Rui Guimarães, deixando ainda o convite a António Costa: “Queremos que venha cá assistir ao primeiro parto, que espero que seja no dia 1 de janeiro de 2022″.

Esta nova área materno-infantil faz parte da empreitada da Fase C e vai integrar um serviço de urgência obstétrica e ginecológica; um bloco de partos equipado com nove salas individuais; um bloco operatório contíguo ao bloco de partos, para facilitar a resposta à cirurgia emergente e urgente, obstétrica e ginecológica; e uma unidade de neonatologia com cuidados intensivos neonatais, com 14 boxes equipadas e dois quartos de isolamento com pressão negativa.

O novo espaço terá ainda uma lotação de 16 incubadoras, das quais 10 estarão destinadas a cuidados intermédios e seis a cuidados intensivos. O internamento de ginecologia/obstetrícia e berçário conta com 34 quartos, já a área de internamento de pediatria e cirurgia pediátrica ficará com 14 quartos disponíveis.

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Rui Guimarães explicou que “nos últimos três meses, em que foi permitido respirar um pouco mais profundo”, foi lançado este “novo desafio” da nova maternidade. “Estamos no maior concelho do Norte do país — e em cima deste concelho temos também a responsabilidade do concelho de Espinho — e faz sentido dar mais condições a quem mais contribui para o país, com filhos”, referiu.

Já o primeiro-ministro relembrou as palavras do Presidente da República para a seleção olímpica: “Há mais vida para além da Covid-19”. “E, por isso, é muito importante que — ao mesmo tempo que já temos esta nova unidade de Cuidados Intensivos a funcionar, que estamos a acelerar a vacinação, que todos temos de ter uma atitude responsável — este hospital esteja já a avançar com novas obras para, no final deste ano, ter pronto o seu centro de saúde materno-infantil. É acreditar que há mesmo futuro, que há mesmo mais vida para além da Covid-19. Tem de haver mais vida para além da Covid-19″, afirmou Costa.

Agradecendo a Rui Guimarães “a energia que inocula no primeiro-ministro”, António Costa referiu ainda que a nova estrutura vai poder ajudar “as famílias que em 2020 e 2021 adiaram os seus projetos e não tiveram as filhas e os filhos que sonham ter a olhar para o futuro em 2022”. Com esta área materno-infantil, que será localizada na Unidade I do CHVNGE, deixa de ser necessária qualquer tipo de transferência entre unidades, uma vez que tudo fica concentrado num só local.

O primeiro-ministro António Costa visitou esta terça-feira o Centro Hospitalar de Vila Nova de Gaia/Espinho (LUSA)

Uma unidade de cuidados intensivos pronta “em menos de 90 dias”

Além da visita à futura área materno infantil, António Costa e Marta Temido estiveram ainda presentes na inauguração do novo serviço de medicina intensiva polivalente do CHVNGE, que entrou em funcionamento em dezembro de 2020 e permitiu aumentar o número de camas e concentrar no mesmo local os casos mais críticos em cuidados intensivos, “garantindo uma melhor eficácia de recursos”.

A 20 de março deste ano, o primeiro-ministro visitou as obras desta nova unidade de cuidados intensivos, anunciou aquele que viria a ser o plano de vacinação contra a Covid-19, e lançou o desafio ao hospital de ter este novo espaço pronto em menos de 90 dias. “Só isto já era saltar uma piscina olímpica, mas ainda nos puseram um piano em cima das costas e, para dificultar esta tarefa, disseram-nos que tínhamos que o fazer em pleno pico da pandemia, quando estávamos com fronteiras fechadas, com dificuldades em encontrar equipas para trabalhar e até com rutura de fornecedores”, sublinha o presidente do conselho de administração.

Mas, “em menos de 90 dias”, a nova unidade de cuidados intensivos polivalente, a maior estrutura em todo o país, estava mesmo pronta. Com 1650 metros quadrados, o espaço conta com 28 camas, mais oito do que as 20 já existentes, das quais seis são em quartos isolados. A renovação completa de ar é realizada a cada seis minutos, possuindo quartos de isolamento com pressão positiva e negativa e dois ECMO – oxigenação por membrana extracorporal — uma técnica de suporte de vida extracorporal em doentes com falência cardiovascular ou pulmonar.

A empreitada resultou de um investimento total de 5,7 milhões de euros, entre infraestrutura e equipamentos de última geração. “Estas iniciativas mostram que para além de termos estado a enfrentar uma pandemia, continuamos a recuperar e a melhorar o Serviço Nacional de Saúde, porque, de facto, não estivemos só a combater uma pandemia. Estivemos também a repor camas em UCI e a capacidade de resposta em cuidados intensivos, nas quais o país era altamente deficitário e nas quais hoje está melhor, pese embora aquilo que ainda temos em curso”, sublinhou a ministra da Saúde, Marta Temido, acrescentando que desde o início da pandemia foram inauguradas 101 camas de unidades de Cuidados Intensivos.