Continua turbulento e até “tortuoso” o processo autárquico da direita em Oeiras. Depois de um período de negociações, PSD e CDS não se entenderam e os democratas-cristãos desistiram de apoiar o partido vizinho, preferindo lançar um candidato próprio: Nuno Gusmão, o presidente da concelhia oeirense do CDS.

A informação foi confirmada ao Observador por João Gonçalves Pereira, presidente da distrital de Lisboa do CDS. “O candidato será Nuno Gusmão, que é um bom candidato e uma opção com que o CDS se sente muito confortável a nível distrital. Tem sido o rosto da oposição a Isaltino Morais em Oeiras“, assume o dirigente.

Quer isto dizer que as negociações falharam, embora do lado do PSD o processo ainda não seja dado por fechado: “Ainda estamos a conversar”, diz ao Observador o candidato dos sociais-democratas, Alexandre Poço. Mas o Observador sabe que os democratas-cristãos desistiram de apoiar Poço depois de o PSD não ter aceitado as condições que propunham para integrar a candidatura — um desentendimento por causa de lugares e por causa dos timings “demorados” das conversas.

“Iniciámos as negociações em maio, até mais por intervenção nossa, o que estranhámos. Tem de haver alguma pró-atividade do candidato…“, assume Nuno Gusmão, falando num “processo tortuoso” que levou o CDS a “perder tempo”.

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Não faz sentido o PSD não querer uma coligação. Vai ficar arredado de qualquer tipo de intervenção na câmara…”, avisa, criticando a postura de “inflexibilidade” do partido de Rui Rio em Oeiras.

Assim, a “tentativa de juntar esforços e de criar um programa comum”, como diz Gonçalves Pereira, “não foi possível”. Do lado do PSD, aponta-se as exigências do CDS no que toca a lugares nas listas como o problema, embora não se assuma que, desta vez, não há mesmo espaço para mais conversas.

Isaltino, a origem do desacordo

Está ainda por marcar a apresentação oficial de Nuno Gusmão, que lidera a concelhia e é também deputado municipal em Oeiras e vice-presidente da distrital de Lisboa.

O elogio à sua “oposição a Isaltino Morais” não surge por acaso: os problemas à direita, no processo autárquico em Oeiras, um dos concelhos mais populosos do país, arrastam-se há meses, desde a altura em que o PSD ainda ponderava apoiar Isaltino.

PSD deixa cair apoio a Isaltino Morais. Alexandre Poço, líder da JSD, é aposta

O CDS tinha esclarecido que, se o PSD optasse por apoiar o atual presidente da câmara, saltaria fora de uma possível coligação. Depois, os sociais-democratas acabaram por desistir da ideia, divididos e influenciados pelas repercussões da Operação Marquês — uma desistência que valeu a demissão do então presidente da concelhia oeirense do PSD, Armando Cardoso Soares.

Já com Alexandre Poço, as negociações foram então retomadas, mas não chegaram a bom porto. Nos bastidores, os centristas acreditam que o PSD continua a não apostar verdadeiramente na autarquia, lembrando que os números que as primeiras sondagens atribuem nas intenções de voto à direita são fracos e que boa parte do voto PSD poderá ser absorvido por Isaltino. Agora, a ideia é avançar para o terreno: Oeiras ficará mesmo de fora dos acordos PSD/CDS.