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Sai um "Street Fighter" com um Bloody Mary: no Gala Gala há cocktails, cachorro quente com trufa e jogos arcade

Este artigo tem mais de 2 anos

Abriu na Baixa de Lisboa, no espaço de uma antiga lavandaria. Tem dois pisos com lugares sentados e meia dúzia de máquinas a sério de jogos arcade, do icónico Street Fighter ao Pac-Man.

Os tokens são comprados ao balcão. A cada utilização as máquinas arcade são higienizadas
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Os tokens são comprados ao balcão. A cada utilização as máquinas arcade são higienizadas

TOMÁS SILVA/OBSERVADOR

Os tokens são comprados ao balcão. A cada utilização as máquinas arcade são higienizadas

TOMÁS SILVA/OBSERVADOR

A história

“Faz um tempo desde que joguei pela última vez um jogo de arcade a sério” — a reflexão saudosista de Isis Freitas foi a primeira pedra na construção daquilo que viria a ser o Gala Gala, um novo bar que casa cocktails de autor, pratos com trufa e, claro, máquinas de arcade como antigamente. O conceito de “luxo irónico” responde àquilo que é um bar moderno e sofisticado com a particularidade de ser combinado com a popularidade e nostalgia das máquinas que se jogavam há décadas.

Isis nasceu no Brasil, a primeira de uma família toda portuguesa, e a vontade de um dia voltar a Portugal era clara, queria “redescobrir as suas raízes”, nunca pensado que viria a abrir as portas de um negócio próprio. Estudou Relações Internacionais e passou pela ONU, trabalhou com o governo brasileiro e, mais recentemente, com o Ministério dos Negócios Estrangeiros de Portugal em França, onde vivia agora. “Deixar tudo para trás e abrir um bar é poder trabalhar de calças de ganga e sem me pentear, já não acontecia há muito tempo”, brinca.

Margaux e Isis são as fundadoras do espaço aberto há pouco mais de um mês ©Tomás Silva/OBSERVADOR

A seu lado está Margaux Duroux, que trouxe na bagagem o gosto pela gastronomia, que ganhou quando trabalhou na frente de sala de um restaurante premiado pelas estrelas Michelin no País Basco. “Queria muito ter o meu espaço, porque a cozinha sempre esteve presente na minha vida, mas a oportunidade ainda não tinha chegado”, conta a francesa Margaux.

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A ideia de abrirem um espaço aconteceu precisamente no dia da mudança, há dois anos, durante a viagem de carro de Biarritz — onde ambas moravam — para Lisboa. Foi aí que Isis se lembrou das saudades que tinha de jogar arcade. “Não há muitos espaços assim nas grandes cidades, cá não conheço nenhum, mas quando estive nos Estados Unidos havia uns quantos e eu adorava”, conta.

A intenção não é que o Gala Gala seja um salão de jogos, longe disso. Querem um bar que abra ao final da tarde e, progressivamente, se torne num espaço noturno a funcionar até às 2h da manhã, assim que a pandemia o permita. “A ideia é que as pessoas possam começar e acabar a noite aqui, é preciso pensar novos modelos de negócio porque o vírus mudou a visão das pessoas sobre a maneira como vivem a cidade e gastam o seu tempo”, refere Margaux.

O Gala Gala — cujo nome se inspira efetivamente numa gala para, mais uma vez, haver aqui um pingo de ironia — acabou por puxar um braço de cada uma das suas fundadoras: o lado geek de Isis e o lado gastronómico de Margaux.

O espaço

As arcas de pedra e o pé-direito altíssimo denunciam a construção pombalina do edifício onde o Gala Gala nasceu. Dantes, naquela mesma morada, funcionava uma lavandaria, ainda que o espaço estivesse abandonado há já vários anos. “Foram precisas obras profundas para voltar a dar vida a isto”, afirma Isis. As “vibes”, diz, chamam os populares anos 80 de volta com muita cor — prevalecem o vermelho e azul petróleo — a marcar o espaço.

O projeto foi entregue ao atelier de arquitetos de Tiago Silva Dias — responsável por projetos como o Alma ou o MAAT Café — que transformou esta antiga lavandaria num bar com mezzanine, onde houve espaço — além de lugares sentados com vista para a agitação do piso térreo — para colocar duas máquinas de jogos. O ambiente é mais escuro, pensado para responder ao objetivo daquilo que é um espaço noturno, ainda que com elegância e bom gosto, “sem cair naquela confusão de luzes e cores em demasia”, remata Isis.

O espaço era dantes uma antiga lavandaria já abandonada há anos ©Tomás Silva/OBSERVADOR

TOMÁS SILVA/OBSERVADOR

Logo à entrada, dois móveis delimitam o hall e é ali que as fundadoras do espaço pretendem criar uma dinâmica de loja pop up, recebendo marcas que encaixem na essência daquilo que é o Gala Gala — para já, estão à venda chapéus da conhecida Kangol. No futuro, querem alargar os pop ups também à cozinha, recebendo outros chefs e “projetos cool que nasceram durante a pandemia e que não têm espaço próprio”.

Os jogos assumem um grande peso na balança daquele que é o mote do novo bar: “for amusement only” [apenas para diversão, em português]. As máquinas arcade foram dos maiores desafios na hora de abrir o Gala Gala, confessa Isis. “O processo atrasou por causa da pandemia, mas também porque a gente escolheu fazer tudo com calma, mas no modo ‘hard’ como nos jogos”.

A brasileira confessa que houve um lado de pesquisa muito grande no que diz respeito aos jogos, porque foi preciso encontrar as máquinas certas — tarefa que já não é fácil, tendo em conta que grande parte destas distrações datam as décadas de 70 e 80. “Também há um detalhe interessante que diz respeito à própria velocidade dos jogos, tivemos de encontrar softwares que já fossem mais atuais porque há jogos que já são muito lentos para o cérebro tecnológico, foi o caso do ‘Pong’”.

Os arcade são a aposta forte do novo bar da Baixa lisboeta. Cada token custa 0,50 euros ©Tomás Silve/OBSERVADOR

TOMÁS SILVA/OBSERVADOR

No piso de cima existem duas máquinas — uma do “Street Fighter II” e outra do “Mario Bros.” — e no piso térreo estão as restantes cinco prontas a receber entusiastas de joysticks e botões frenéticos e coloridos. Restam então os arcade do “Pac-Man”, “Pong”, “Donkey Kong”, “Space “Invaders” e “Frogger”.

Os tokens são pedidos ao balcão e dão direito a uma rodada de jogo em qualquer uma das máquinas — um token fica a 0,50 euros, mas na compra de cinco ganha-se um de oferta e na compra de 10 ganha-se mais três. “Notamos que as pessoas vibram muito com isto, é uma memória muito específica de infância”, diz Margaux. “Acho que os arcade também permitem criar aqui uma dinâmica de circulação diferente. As pessoas comem e bebem e vão ficando para irem jogando à vez”.

E em tempos de Covid, a pergunta impõe-se: como manter segura a utilização das máquinas arcade? A cada utilização, explica Isis, é feita a desinfeção total dos jogos. “Não podíamos ter estas máquinas aqui sem criarmos as condições para as termos, por isso temos sempre alguém do staff pronto a limpar a cada utilizador diferente”, diz. “Conseguimos controlar isso porque são sempre necessários tokens para jogar que são pedidos no bar, temos controlo sobre quantas pessoas vão estar nos jogos”.

A comida (e a bebida)

Quando desenharam o plano de negócios para o Gala Gala, nunca pensaram ter de dar tanto ênfase à comida, mas a pandemia obrigou-as a isso uma vez que ter aberta a porta de um bar nos dias de hoje tem de ser sinónimo de comes, não só de bebes.

Todos os pratos do menu têm trufa preta ©Tomás Silva/OBSERVADOR

TOMÁS SILVA/OBSERVADOR

No primeiro menu que lançaram, o ingrediente de destaque é a trufa. “Todos os pratos têm trufa de alguma maneira”, conta Margaux. “Quisemos criar coisas inesperadas, e a trufa é muito associada à alta cozinha e nós aqui quisemos desconstruir essa ideia e pôr trufa no cachorro quente, por exemplo. O nosso conceito é o luxo irónico”.

Nenhum prato vai além dos 10 euros, precisamente para refletir essa ideia de um luxo que não é bem luxo, é só uma experiência mais requintada a que todos podem ter acesso. A carta arranca com um cachorro quente (8 euros) com pão brioche e salsicha Frankfurt artesanal, cebola confitada e crocante e lascas de trufa — “é dos pratos mais intensos do menu”, diz Isis.

O mac & cheese e o cachorro quente, ambos com trufa, são os mais pedidos da casa

A marcha segue com um mac ‘n’ cheese com trufa (7 euros), uma tosta com queijo, manteiga de trufa e “fiambre ridiculamente bom” (5 euros) ou uma burrata com salada (7 euros), azeite e lascas de trufa. Há ainda um ovo cozido a baixa temperatura (3 euros) servido também com salada e lascas do dito fungo, e espargos verdes grelhados com vinagrete acidulada trufada (8 euros). No menu está ainda um snack crocante para acompanhar os cocktails: pipocas salgadas com manteiga de trufa (3 euros).

“A gente não quer ser o lugar da trufa em Lisboa, não queremos ter essa conotação, porque isto é o primeiro menu”, diz Isis. “Queremos ter liberdade para mudarmos quando queremos, é essa a ideia, termos sempre um ingrediente base para construir a carta a partir daí”.

A tosta com manteiga de trufa é um dos snacks “fáceis” e mais pedidos ao final da tarde ©Tomás Silva/OBSERVADOR

No que aos cocktails diz respeito, as sócias pediram a um amigo que é mixologista em Ibiza para desenhar a carta onde constam cinco cocktails de autor. “Preferimos ter uma carta boa, mais curta, e apostar em cocktails mais especiais”, diz Margaux. Para esta primeira carta as linhas diretivas dos cocktails apontam para as infusões — a parte especial das receitas de cada um, onde tentaram utilizar ingredientes ligados a Portugal.

O Gala Gala (10 euros), que tem sido até agora o bestseller, é feito com infusão de alecrim e azeite, licor Chartreuse, lima e clara de ovo, já o Margueritte (9 euros) leva infusão caseira de tequila e piripiri, mezcal, coentros e lima.

O Gala Gala é o cocktail de autor mais "queridinho" da casa ©Tomás Silva/OBSERVADOR

TOMÁS SILVA/OBSERVADOR

O Elemakule (9 euros) tem infusão de rum com sarsaparilla, ananás e lima, já o Twist Negroni (8 euros) resulta de uma infusão de aguardente com grãos de café, campari e vermute. No menu há ainda um Bloody Mary (10 euros), “porque as pessoas adoram e é um cocktail icónico sempre”, feito com um mix especial da casa, vodka, tomate e alecrim.

O que interessa saber

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Nome: Gala Gala
Abriu em: maio 2021
Onde fica: Rua dos Douradores, 120, Lisboa
O que é: um bar com cocktails de autor, pratos com trufa e jogos de arcade
Quem manda: Margaux Duroux e Isis Freitas
Quanto custa: preço médio de 18€/pessoa
Uma dica: experimentar o mac & cheese com trufa e fazer uma pausa para jogar Pac-Man ou Mario Bros.
Horário: Segunda a sexta 16h às 22h30
Links importantesInstagram
Contacto: 937 911 946

“Cuidado, está quente” é uma rubrica do Observador onde se dão a conhecer novos (e renovados) restaurantes.

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