“Viúva Negra”

Com o fim do confinamento e a reabertura dos cinemas, vêm também, inevitavelmente, as produções da Marvel. Nesta, realizada pela australiana Cate Shortland, mais uma figura do cinema “indie” cooptada para as bisarmas de super-heróis, temos a Viúva Negra/Natasha Romanoff de Scarlet Johansson numa aventura a solo que lhe dá  uma “origin story” envolvendo uma família  falsa de “sleepers” soviéticos nos EUA da década de 90, uma irmã mais nova verdadeira (Florence Pugh a desperdiçar o seu talento), um ridículo ex-super-herói comunista, o Guardião Vermelho, um vilão estereotipado (Ray Winstone) que está na origem do corpo de elite de “viúvas” de que Natascha e a mana fazem parte, pretensões “feministas” prontas-a-usar e a ação trovejante, repetitiva, absurda e empapada em efeitos especiais habitual deste formato. E que aqui copia descaradamente os filmes de James Bond, Jason Bourne e Missão:Impossível.

“Annette”

Leos Carax, o eterno mas pouco consensual “enfant terrible” do cinema francês, assina este filme musical produzido pela Amazon. “Annette” está em competição no Festival de Cannes e foi escrito pelos Sparks, vulgo os irmãos Russell e Ron Mael, que em 2013, em Cannes, convenceram o realizador de “Pola X” e “Holy Motors” a juntar-se ao projeto e também colaborar no argumento. Rodada em Los Angeles e abrangendo toda uma série de estilos musicais, da ópera ao pop eletrónico, a fita é interpretada por Adam Driver e Marion Cotillard, personificando um casal de artistas, ele cómico de “stand up”, ela cantora lírica, cuja vida é completamente modificada quando nasce a sua primeira filha, uma menina chamada Annette, possuidora de um dom especial. Simon Elberg, de “A Teoria do Big Bang”, também consta do elenco e nenhum dos atores foi dobrado nas sequências cantadas.

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“Bem Bom”

A realizadora Patrícia Sequeira (“Snu”) recria neste filme, que será também uma série de televisão, a história das Doce, enquanto evoca, paralelamente, o Portugal dos anos 80 em que elas surgiram e tiveram sucesso, ao mesmo tempo que se dava uma revolução na música ligeira e pop/rock portuguesa, de que este quarteto feminino, um dos primeiros da Europa, também fez parte e marcou com as suas várias inovações, da imagem sofisticada e das encenações em palco, até à sensualidade e à provocação erótica. Bárbara Branco, Lia Carvalho, Ana Marta Ferreira e Carolina Carvalho interpretam, respetivamente, Fátima Padinha, Teresa Miguel, Laura Diogo e Lena Coelho, e não fazem “playback”. “Bem Bom” foi escolhido como filme da semana pelo Observador e pode ler a crítica aqui.