A presidente da Comissão Europeia, Ursula von der Leyen, reafirmou esta quinta-feira que a União Europeia jamais aceitará uma solução de dois Estados no Chipre, a ilha mediterrânica dividida entre a comunidade grega e turca.

O Chipre, membro da UE, está dividido desde que o terço norte foi invadido pela Turquia, em 1974, em reação a um golpe de nacionalistas cipriotas gregos que queriam uni-lo novamente à Grécia. No norte ocupado, a autoproclamada República Turca do Norte do Chipre é apenas reconhecida por Ancara. “Quero repetir que nós [UE] nunca, jamais, aceitaremos uma solução de dois Estados, estamos firmes e muito unidos nesse assunto”, afirmou von der Leyen aos jornalistas, em visita a Nicósia.

Ao seu lado, o Presidente da República do Chipre, Nico Anastasiades, sublinhou que os “26 [outros] Estados-membros estão ao lado” da presidente da Comissão Europeia. As autoridades cipriotas turcas, apoiadas pela Turquia, querem o reconhecimento de dois Estados independentes e iguais na ilha. Essa posição é rejeitada pelos cipriotas gregos que desejam a reunificação da ilha sob forma de um Estado federal.

As negociações estão paralisadas desde 2017, sendo que em abril, uma tentativa de reiniciar as negociações organizada pela ONU, fracassou. A presidente da Comissão Europeia falou aos jornalistas depois de anunciar a concessão ao Chipre de uma ajuda europeia de 1.200 milhões de euros para reanimar a economia local após a pandemia.

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O Chipre não terá de desembolsar esta ajuda, que provém de um fundo com um total de 800.000 milhões de euros, um montante sem precedentes, a repartir pelos 27 Estados-membros. “Este resultado é brilhante. Isto vai estimular o crescimento, modernizar e transformar o Chipre”, assinalou von der Leyen acerca do plano de reformas apresentado pelo país para obter esta ajuda.

Nicósia prevê consagrar 41% destes fundos ao cumprimento de objetivos ligados principalmente à preservação do ambiente, incluindo a liberalização do mercado de eletricidade ou a promoção de edifícios eficientes do ponto de vista energético. Uma ajuda adicional de 18 milhões de euros vai ser destinada à luta contra catástrofes naturais, anunciou na quarta-feira o responsável europeu que visitou o local do maior incêndio no Chipre em quase 50 anos.

Este incêndio, que devastou o sul da cordilheira de Troodos, matou quatro pessoas. Atualmente, o Chipre está a atravessar uma quarta vaga de Covid-19, devido à variante Delta, com um recorde diário de contágios registados na quarta-feira, de 952 infeções. No total, a República do Chipre registou oficialmente mais de 80.500 casos, incluindo 380 mortes, num país em mais de metade dos residentes está totalmente imunizado.