Um grupo de quatro mergulhadores da Marinha portuguesa vai integrar, a partir deste sábado e até ao final de outubro, uma missão internacional para deteção e desativação de engenhos explosivos depositados no fundo do mar durante as grandes guerras.

Navegar pelo ‘mar armadilhado’ não é novidade para o tenente Tiago Ferreira, um dos quatro militares portugueses da Marinha que vai fazer parte da Standing NATO Mine Countermeasures Group 1 (SNMCMG1), e que já leva a experiência de outras duas missões.

Contactado pela agência Lusa, o militar explicitou que, durante as missões de 2018 e 2019, os mergulhadores portugueses desativaram “mais de 17 engenhos explosivos, entre minas, torpedos e bombas de avião”.

O tenente acrescentou que, só em 2019, esta missão desativou “mais de 60 engenhos explosivos de antigos conflitos”, no entanto, isto é apenas ‘uma gota no oceano’.

“Números redondos, não estou a ser preciso, entre a I e a II Guerra Mundial foram depositadas mais de oito milhões de minas nos nossos oceanos. Esta força da NATO [Organização do Tratado do Atlântico Norte] (…) todos os anos é responsável pela inativação de diversas minas”, sustentou.

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A maior parte dos engenhos explosivos acabou por não ser detonada durante os conflitos e permaneceu no fundo mar, inerte, mas o perigo continua presente, razão pela qual todo o cuidado é pouco.

“Sempre que detetamos um engenho explosivo no fundo do mar e que somos incumbidos da tarefa de o desativar, encaramos o engenho como 100% operacional. Mesmo não estando 100% operacional, existem sempre riscos associados porque nunca sabemos o estado de degradação ou não em que se encontra e podemos acidentalmente acioná-lo”, explicou o militar.

O mergulho também é, por si só, “uma atividade que acarreta riscos”, uma vez que o equipamento utilizado “não é o mesmo que pôr uma garrafa de mergulho às costas”.

A missão vai operar em locais como o Mar Báltico e os quatro militares portugueses vão estar a bordo de um navio alemão especializado na identificação de minas: o FGS HOMBURG.

O principal objetivo desta missão é “manter de forma permanente a capacidade de Guerra de Minas da NATO a operar no norte da Europa, em tempo de paz e períodos de conflito e crise”, de acordo com a informação disponibilizada pela Marinha.