O professor Gil Garcia, o cabeça de lista do Movimento Alternativa Socialista (MAS) à Câmara Municipal da Amadora, diz que a autarquia deve ser liderada por “um Garcia antirracista, antifascista, um Garcia antissistema, anticapitalista”.

Em declarações à agência Lusa, o candidato do MAS adiantou este domingo que decidiu apresentar-se à corrida quando viu “a candidatura de Suzana Garcia no terreno” com “um discurso muito próximo da extrema-direita”.

“A cidade da Amadora devia ser dirigida por um Garcia, mas tinhas de ser um Garcia antirracista, antifascista, um Garcia antissistema, verdadeiramente antissistema, anticapitalista”, considerou.

O professor lembrou que “a direita e a extrema-direita já estão coligadas nos Açores, na sequência das eleições regionais, apesar de ambos [PSD e Chega] dizerem que não se coligariam”, e acredita que os partidos “já estão a tentar construir uma alternativa de Governo para o país e um dos ensaios é a cidade da Amadora”.

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Para o candidato autárquico do MAS, “se a direita conseguir, coligada, ganhar uma Câmara que é historicamente à esquerda, aí vão dizer que essa é a base para ganharem o Governo do país”.

“Não queremos que a Amadora seja uma Câmara de ensaio para a chegada ao Governo por parte de uma coligação de direita — é nisso que querem transformar esta campanha”, reiterou.

Ainda sobre a candidata da coligação entre o PSD, CDS-PP, Partido Democrático Republicano (PDR), Aliança e Partido da Terra (MPT), Gil Garcia disse que a advogada “não é uma pessoa que conheça bem a Amadora”.

“Eu sou filho da terra. Não nasci na Amadora, mas fui viver para a Amadora com 5 ou 6 anos, portanto, já estou há mais de 50 anos na Amadora”, destacou.

Gil Garcia quer lutar pelos “setores oprimidos” e contra questões como a “repressão policial sobre a comunidade negra” e a “violência doméstica sobre as mulheres”.

Ainda em oposição a Suzana Garcia, disse que o programa da candidata de direita “não protege as comunidades oprimidas da Amadora, porque não é uma candidatura feminista, não é uma candidatura antirracista, não é uma candidatura que esteja preocupada com este tipo de problemas — a não ser pelo lado errado, pelo lado da repressão policial, pelo lado do extermínio”.

Apresenta-se, por isso, como uma “alternativa à esquerda na própria cidade” que “protege os setores oprimidos, que protege os setores da classe trabalhadora”.

Sobre propostas concretas para o município, destacou a isenção do pagamento de Imposto Municipal sobre Imóveis (IMI) para “as casas que estão avaliadas até 100.000 euros”.

Este imposto “é uma dupla tributação”, considerou, acrescentando que esta é uma batalha que quer levantar e que “as Câmaras deviam levantar, perante o Estado central”.

Para a corrida à presidência da autarquia da Amadora foram até agora anunciadas as candidaturas de Suzana Garcia, de Deolinda Martins (BE), António Borges (CDU) e José Dias (Chega).

O atual executivo da Amadora, presidido pela socialista Carla Tavares, é formado por sete eleitos do PS, dois da coligação Amadora Mais (PSD/CDS-PP), um da CDU e um do BE.

As eleições autárquicas estão marcadas para 26 de setembro.