Nada de tiroteios, thrillers psicológicos ou dramas de partir o coração na hora de ir para a cama — o risco de passar a noite a ter pesadelos com tudo isso é grande. Se precisa de ver alguma coisa até adormecer, o melhor é escolher uma história leve, que não obrigue o cérebro a fazer muita ginástica nem exija demasiada atenção.

“Supermães” é o remédio indicado para quem passa o dia a fazer malabarismos entre trabalho e filhos — sim, a maternidade é uma selva, e estes episódios vão retirar-lhe todas as culpas. O último episódio de “Physical” está disponível desde sexta-feira, 9 de julho, o que significa que já é possível ver a temporada inteira desta nova série da Apple TV+ que se foca numa dona de casa dos anos 80 que percebe que há mais vida além da rotina enfadonha que tem levado. Para ver ou rever há sempre a incrível Julia Louis-Dreyfus no papel da sua vida: Selina Meyer é a política menos empática mas mais hilariante da televisão e “Veep” é sempre uma escolha acertada.

Para consumir sem moderação antes de dormir, o Observador reuniu séries com episódios curtos (rondam os 20 ou 30 minutos), ideais para esquecer o trabalho, o cansaço e as tarefas que terá pela frente no dia seguinte.

“Physical”

Apple TV+

Anos 80, San Diego, EUA. Sheila Rubin (Rose Byrne) é uma dona de casa que passa os dias a servir o marido e a tratar da filha. Quando descobre a aeróbica, percebe que está à beira do limite e que a sua vida pode ser muito mais do que aquilo que está previsto. Começa então uma jornada de descoberta pessoal com momentos dramáticos que depressa se tornam hilariantes. A primeira temporada de “Physical” tem seis episódios, todos a rondar a meia hora.

PUB • CONTINUE A LER A SEGUIR

“The Duchess”

Netflix

Ela tem um estilo que faz lembrar Carrie Bradshaw (de “O Sexo e a Cidade”) mas acaba por ser bem mais divertida. Tem humor negro, é egoísta e louca. Empresária e mãe solteira, Katherine é uma canadiana a viver em Londres e não quer saber da opinião dos outros — sobretudo dos que estão agarrados aos costumes britânicos mais tradicionais.

Katherine Ryan criou, escreveu e protagoniza “The Duchess”, uma série que passou relativamente despercebida entre os maiores sucessos da Netflix mas que tem muito potencial. Há seis episódios para ver, com cerca de 20 minutos cada.

“Ramy”

HBO

Um muçulmano nascido e criado nos EUA debate-se com os deveres morais da religião e aquilo de que qualquer jovem de 20 poucos anos gosta. Fala-se de religião e do que é preciso para que nada seja levado ao extremo, sempre com um sentido de humor inteligente. Os amigos de Ramy (o protagonista dá o nome à série) são hilariantes mas os pais são ainda mais.

Ramy Youssef criou, escreveu e realizou alguns episódios da série. É também ele que interpreta a personagem principal. Mahershala Ali (“Moonlight”, “True Detective”) faz uma participação especial. A produção da terceira temporada atrasou devido à Covid-19 mas, para já, há duas temporadas inteiras para ver na HBO. Cada uma tem dez episódios, com cerca de 20 minutos cada.

“Fleabag”

Amazon Prime Video

É provável que chore no final. Não porque a história seja dramática, mas porque não vai acreditar que a série termina com a segunda temporada.

Fleabag (Phoebe Waller-Bridge) tenta ultrapassar uma perda recente enquanto lida com dramas familiares e amorosos. Não tem filtro, é inconveniente e fala diretamente com o espectador. As personagens secundárias são tão boas como a principal, começando pela madrasta que tem a mania que é artista (e é interpretada por Olivia Colman) e acabando no padre (Andrew Scott), que desperta na protagonista muito mais do que a fé.

“Fleabag” foi criada, escrita e realizada por Phoebe Waller-Bridge, a inglesa que é também responsável por “Killing Eve”. Quando a produção alcançou o sucesso internacional, ganhando vários prémios, incluindo dois Globos de Ouro e dois Emmys, já tinha chegado ao fim. Por isso, existem apenas duas temporadas, cada uma com seis capítulos.

“Supermães”

Netflix

Se há série que retrata a maternidade como ela é, é esta. Várias mulheres que pouco têm em comum — que apenas se conhecem através de um grupo de mães e bebés — estão prestes a regressar ao trabalho depois da licença de maternidade. Este é o ponto de partida para “Supermães”, que entretanto já deu muitas voltas — a quinta temporada chegou à Netflix em fevereiro deste ano.

Depressão pós-parto, perda de identidade, exaustão, adolescentes que testam os limites dos pais, mães que gritam, casais que se afastam, mulheres à beira da loucura. Está tudo aqui e é realista. Catherine Reitman (que criou a série) lidera o elenco. Ela é Kate, uma publicitária que parece obrigada a escolher entre o tempo que dedica aos filhos e a carreira. Depois há Anne (Dani Kind), uma terapeuta que precisa, ela própria, de muita terapia. Por fim, Frankie (Juno Rinaldi) é uma agente imobiliária que parece sempre desfasada da realidade. Há 57 episódios para ver e vão ser todos despachados num instante.

“High Fidelity”

Disney+

É a adaptação de um livro de 1995 com o mesmo nome, escrito por Nick Hornby, e acompanha Rob (Zoë Kravitz), proprietária de uma loja de discos. É através da música que revisita relações passadas. “High Fidelity” já tinha dado origem a um filme de 2000, com John Cusack como protagonista. Esta versão mais recente substitui o homem no papel principal por uma mulher. Está dividida em dez partes.

“Veep”

HBO

Durante anos dominou os prémios de televisão na categoria de comédia e há bons motivos para isso. É uma sátira política que tem no centro da ação Selina Meyer, uma senadora que passa a vice-presidente dos EUA. Julia Louis-Dreyfus é a protagonista, uma mulher cheia de ambições e pouca empatia pelo próximo. No seu percurso político coleciona gafes e trapalhadas (além de uma equipa bastante incompetente), com certos episódios a fazerem lembrar a vida real e um passado recente da política norte-americana.

“Veep” terminou em 2019 após sete temporadas e, no total, há 65 episódios para ver. Rever também é válido, nem que seja só pela prestação de Tony Hale como Gary, o assessor (ou homem da mala) que vive para Selina.