O secretário-geral do PCP, Jerónimo de Sousa, defendeu este domingo, num comício no Porto, ser tempo de valorizar o salário mínimo nacional e reforçar direitos laborais, como prevê a Constituição da República Portuguesa.

“Vivemos uma situação difícil, mas temos de continuar a acreditar que é possível uma vida melhor para Portugal e para os portugueses. Por isso, consideramos que é tempo de valorizar os salários, designadamente o salário mínimo nacional, o reforço dos direitos, o direito de contratação coletiva, o direito a ter um horário justo, digno — o direito a ter direitos como a nossa Constituição da República aponta”, apontou Jerónimo de Sousa.

Numa intervenção num convívio de mulheres da CDU, que decorreu no Parque Urbano da Pasteleira, o dirigente comunista reiterou a “necessidade de combater este cancro que são os défices estruturais que existem no país”.

“Desafio a vossa reflexão por 10 segundos: como é que um país pode singrar se, neste caso concreto, tem défices estruturais, défice alimentar, défice tecnológico, défice energético, défice produtivo? Estamos dependentes do estrangeiro, mesmo em zonas críticas como é a da alimentação”, assinalou.

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Jerónimo de Sousa questionou também, por exemplo, como é que um país com as características de Portugal pode ter apenas stock de trigo para 15 dias.

“Não estou a encurtar as coisas, dá para 15 dias. Porque não temos reservas, porque não produzimos aquilo que nos obrigam a comprar lá fora”, disse.

Neste contexto, reivindicou “medidas de fundo que continuam a não existir porque, de facto, este Governo não é capaz de praticar e desenvolver uma política alternativa e patriótica de esquerda tão necessária para o país”.

O dirigente colocou a pandemia na sua intervenção para denunciar que “não foram só desgraças e dificuldades, existindo muitos que se aproveitaram e bem da situação, reforçando as suas fortunas”.

Citando dados estatísticos, referiu que neste período passou a haver “19 mil novos milionários em Portugal”, ao mesmo tempo que “aumentaram em 400 mil os pobres no país”.

Perante a necessidade de soluções para resolver os problemas do país, o comunista evocou as eleições autárquicas agendadas para 26 de setembro e sublinhou que “as outras forças políticas, nalguns casos, até têm bons candidatos, mas há uma coisa que não têm: o projeto”.

“Vão anunciando esta ou aquela medida avulsa, desgarrada, mas não têm um projeto com que se comprometam para que as populações possam refletir sobre esses programas ou pela sua ausência”, salientou.

A terminar o seu discurso, o secretário-geral comunista enfatizou que a regionalização é outra luta que os candidatos da CDU (coligação PCP-PEV) têm de “travar na campanha eleitoral”, assumindo tratar-se de “uma batalha muito difícil e muito exigente, tendo em conta a realidade”.