Desde 2008, sob a tutela então criada, que Britney Spears não podia escolher quem a representava em tribunal, uma realidade que mudou finalmente esta quarta-feira. A juíza Brenda Penny aprovou o pedido da artista para contratar um advogado à sua escolha, avança o The New York Times. É um desenvolvimento importante, sobretudo após notícias recentes de que o advogado escolhido pela cantora, Mathew Rosengart, aceitou a responsabilidade.

A representação legal da artista era um dos temas em cima da mesa na audiência de quarta-feira. Mas não o único. Em Los Angeles, a juíza aprovou também o pedido de demissão de Samuel D. Ingham III, o advogado nomeado pelo tribunal que representava a artista desde a criação da tutela, e da firma Loeb & Loeb, que Ingham tinha introduzido recentemente no caso para o ajudar. Agora, a escolha de Mathew Rosengart, conhecido advogado das celebridades, pode representar uma abordagem mais agressiva no sentido de terminar a tutela.

Contrariamente ao que seria de esperar, Britney voltou a falar perante o tribunal. Com lágrimas à mistura, a cantora explicou à juíza como está “extremamente assustada”, acusando o pai de “abuso” face à tutela exercida. “Estou aqui para me livrar do meu pai e acusá-lo de abuso [no exercício] da tutela”, afirmou, para depois pedir que Jamie P. Spears seja investigado. “Esta tutela permitiu que o meu pai arruinasse a minha vida.” A cantora comentou ainda, citada pela NBC News, como todos os aspetos da sua vida são controlados, incluindo a dieta, e que chegou a trabalhar 70 horas por semana. “O objetivo deles era fazer com que me sentisse maluca”, afirmou, garantido que não é o caso.

Esta quarta-feira, Britney reiterou que quer o fim da tutela sem avaliação médica. No entanto, deixou claro que a prioridade imediata é afastar o pai da tutela, enquanto Jodi Montgomery permanece no papel tutora dos assuntos pessoais da artista. “O meu pai precisa de ser removido hoje e ficarei feliz com a ajuda de Jodi”, disse.

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Rosengart, o novo advogado da artista, falou brevemente na audiência, deixando claro que pretende entrar com uma petição em tribunal com o objetivo de terminar a tutela. “Se ele [James P. Spears] ama a filha, então chegou a hora de se afastar — de seguir em frente”, disse. Entretanto, Britney agradeceu o apoio dos fãs nas redes sociais, ao publicar um post onde diz sentir “gratidão”. “Obrigada aos meus fãs que me estão a apoiar. Não têm ideia do que significa para mim ser apoiada por fãs tão incríveis!” Na mesma publicação, a cantora publicou a hashtag do momento: #FreeBritney.

O depoimento polémico e as baixas que se seguiram

A audiência desta quarta sucede ao depoimento bombástico do passado dia 23 de junho, quando a cantora de 39 anos falou pela primeira vez em anos em tribunal e, diante da juíza Brenda Penny, disse querer acabar com a tutela “abusiva”. O discurso que durou 24 minutos foi de tal forma acelerado que Britney foi interrompida mais do que uma vez para uma correta transcrição. As palavras — entretanto difundidas um pouco por todo o mundo —  tiveram um impacto tal que vários protagonistas envolvidos no processo que se arrasta desde 2008 caíram que nem peças de dominó: uns atrás dos outros.

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A começar pela Bessemer Trust, incumbida de gerir o património da cantora juntamente com o pai desta. No início de julho, a juíza aceitou o pedido da empresa para se retirar do processo, uma decisão que se deveu a uma “mudança de circunstâncias”, de acordo com os documentos legais então consultados pelo The New York Times. A empresa, aquando do pedido de renúncia, alegou que fora informada de que a tutela de Spears era voluntária e que a artista havia consentido a sua participação, ideias que caíram por terra perante o dramático depoimento de 23 de junho. A empresa defendeu, então, “respeitar” os desejos da cantora. Com esta decisão, James P. Spears, de 68 anos, ficou como o único tutor do bens, enquanto Jodi Montgomery manteve-se como tutora temporária dos assuntos pessoais de Britney, uma função anteriormente ocupada pelo pai.

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Seguiu-se o agente de há 25 anos. Também no início deste mês, Larry Rudolph apresentou a demissão alegando que a cantora terá mostrado “vontade em aposentar-se oficialmente”, pelo que os seus serviços “deixaram de ser necessários”. O agente começou a trabalhar com Britney nos anos 90 e ajudou-a a garantir o seu primeiro contrato de gravação. Como se isso não bastasse, o advogado nomeado pelo tribunal Samuel D. Ingham III também pediu demissão do cargo poucos dias após o poderoso depoimento da sua cliente. Ingham terá ficado “extremamente zangado” com as declarações da artista — que disse não saber que podia pedir o fim da tutela — , alegando que deixou isso bem claro à estrela da pop. Segundo fontes consultadas pelo TMZ, a artista apenas teria expresso ao advogado o desejo de remover o pai da tutela.