Três dos maiores acionistas da SIBS – o Millennium BCP, Caixa Geral de Depósitos e o Santander Portugal – garantem não estar a “equacionar qualquer alteração” ao apoio dado em maio no sentido de que Vítor Fernandes fosse escolhido como presidente (não-executivo) do conselho de administração da empresa de serviços financeiros que gere a rede Multibanco. Os outros bancos não comentam.

A questão coloca-se depois de a nomeação de Vítor Fernandes para o Banco de Fomento (que vai ser instrumental na gestão dos fundos da “bazuca”) ter sido suspensa pelo Governo após o Ministério Público ter alegado que Vítor Fernandes tinha “relação privilegiada” com o devedor do Novo Banco Luís Filipe Vieira e que, nesse âmbito, teria transmitido informação sensível que beneficiou o empresário. O Banco de Portugal está a reavaliar a sua idoneidade (para o Banco de Fomento, não para a SIBS, que não é uma empresa financeira e não é supervionada pelo Banco de Portugal)

Os argumentos que estiveram na origem do acordo do BCP à nomeação do Dr. Vítor Fernandes para a função de Chairman da SIBS, nomeadamente conhecimento do negócio, experiência de gestão e independência permanecem válidos, pelo que o Banco não está a equacionar qualquer alteração”, indicou fonte oficial do Millennium BCP, por e-mail, após questão enviada pelo Observador.

Ao final da tarde, também fonte oficial da Caixa Geral de Depósitos respondeu: “Nesta fase, com a informação disponível, não estamos a equacionar qualquer mudança“. Também fonte oficial do Santander disse não ver razões para retirar o apoio dado a Vítor Fernandes.

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Outros bancos contactados pelo Observador preferem não comentar: é o caso do BPI e do Montepio. Já o banco por onde Vítor Fernandes passou mais recentemente – o Novo Banco – não respondeu, para já, ao pedido de comentário. Esta notícia será atualizada se esse comentário chegar nas próximas horas.

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Como o Observador recordou esta quarta-feira, Vítor Fernandes é presidente (não-executivo) do conselho de administração da SIBS, a posição que tinha Vítor Bento até à saída recente do ex-presidente do BES/Novo Banco para a Associação Portuguesa de Bancos (APB). Porquê a SIBS? Embora não tenha o perfil mais mediático de Vítor Bento, Vítor Fernandes tem, pelo menos, experiência na relação com a SIBS – foi sempre ele o administrador representante dos (três) bancos em que trabalhou junto da SIBS.

O seu papel, em certa medida, de supervisão e fiscalização do trabalho feito pela comissão executiva – liderada por Madalena Cascais Tomé, reconduzida no cargo de presidente-executiva no final de maio. No comunicado de imprensa da SIBS após a sua nomeação lia-se que “Vítor Fernandes tem uma sólida carreira profissional na área da banca e seguros” e acrescentava que este era, “aliás, um regresso à SIBS, pois Vítor Fernandes fez parte do conselho de administração da empresa entre 2014 e 2020”, por via de ter sido o administrador não-executivo nomeado pelos bancos em que trabalhava.

Contactada igualmente pelo Observador, fonte oficial da SIBS também se escusou a comentar o assunto.

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