Embora ainda faltem praticamente duas semanas e o número de infeções esteja a aumentar no país, o Governo prefere esperar pela reunião de dia 27 de julho com os especialistas no Infarmed para avançar com novas medidas de combate à pandemia. No Conselho de Ministros desta quinta-feira, o Executivo limitou-se a atualizar a lista de concelhos em risco elevado, muito elevado e alerta. E aprovou um decreto-lei que permitirá aos supermercados vender autotestes.

De resto, novas decisões — como eventuais novas restrições, o calendário do regresso dos públicos aos estádios ou alterações à matriz de risco (como proposto pela Ordem dos Médicos) — foram todas atiradas para depois de o Governo reunir com os especialistas. Ou seja, até pelo menos dia 27 nada mudará (só a lista dos concelhos de risco, atualizada semanalmente com base na matriz de risco).

90 concelhos com limitação na circulação e no acesso aos restaurantes. Veja aqui o mapa

PUB • CONTINUE A LER A SEGUIR

A novidade é que o Governo aprovou um decreto-lei que permite a venda de autotestes nos supermercados, uma medida que já tinha sido anunciada na semana passada. Mariana Vieira da Silva não adiantou a partir de que data essa aquisição será possível.

DGS já tem parecer técnico sobre o regresso do público aos estádios, mas está a ser “trabalhado”

A Direção-Geral de Saúde já preparou um parecer técnico sobre como poderá ser feito o regresso do públicos aos espetáculos desportivos. Porém, o documento ainda “precisa de ser trabalhado porque tem dimensões de organização importantes”. Ou seja, “o trabalho técnico já decorreu”, falta um trabalho de organização e a decisão final, que só acontecerá “em função da avaliação da situação epidemiológica na reunião do próximo dia 27”.

Para dia 27, o Governo remeteu também a decisão sobre eventuais mudanças na matriz de risco, como já foram defendidas e propostas, por exemplo, pela Ordem dos Médicos. Mariana Vieira da Silva defende a matriz em vigor: diz que é um instrumento que resulta de várias propostas de peritos e tem a vantagem de ser “compreensível” para que cada concelho possa antecipar medidas. Até aqui foi “muito útil na resolução de muitos problemas que tivemos no território”. Mas “o Governo não faz da matriz de risco que apresentou a única possível e está sempre disponível para a melhorar.”

Nova matriz de risco. “A água está a ferver” e a pandemia a tocar no ponto crítico

Num diagnóstico sobre a situação do país, a ministra reconhece que “continua a degradar-se”, com uma incidência ainda “muito elevada” embora o índice de transmissibilidade, o R(t), esteja mais baixo do que na semana passada, “parecendo verificar-se alguma diminuição da velocidade de crescimento”. Ainda assim, a capacidade de resposta no Serviço Nacional de Saúde (SNS) está “controlada”.

Os números levantam ainda sinais de alerta no Governo. Questionada sobre qual a previsão de levantamento das restrições às discotecas e bares, Mariana Vieira da Silva diz que “não estamos ainda no momento em que seja possível”.

Já sobre se há escassez de vacinas no país devido à suspensão de um lote de vacina da Janssen, na sequência de 20 desmaios após a inoculação, a governante não responde diretamente sobre o caso de Mafra. Mas diz que o processo de vacinação não está isento de dificuldades. “Se hoje existiu um caso que precisa de ser avaliado”, há uma “obrigação de precaução”, com a suspensão que deve ser “tão curta quanto possível”. E garante que “todos os esforços têm sido utilizados para que país faça utilização plena das vacinas que recebe”.

Calor, reação vagal ou efeito adverso? Em Mafra houve 20 desmaios e uma convulsão depois da vacina da Janssen