O presidente do Comité Olímpico de Portugal (COP) admitiu na quarta-feira, nas Caldas da Rainha, que há apreensão e receio entre a comitiva nacional para Tóquio2020 pelo eventual reforço de medidas relacionadas com a pandemia.

“Sente-se apreensão e algum receio entre a comitiva nacional de que as medidas possam ser mais agravadas”, disse José Manuel Constantino, à margem da cerimónia de homenagem do município das Caldas da Rainha ao ciclista João Almeida e ao triatleta João Pereira, atletas naturais do concelho que vão estar nos Jogos Olímpicos.

Parte da comitiva nacional já viajou para o Japão, mas está fora ainda da Aldeia Olímpica, com exceção dos “elementos do staff e a equipa da equestre”, especificou o presidente do COP. Os restantes estão a começar a partir para Tóquio, mas só podem entrar na Aldeia Olímpica cinco dias antes das respetivas competições. “Os estágios pré-competitivos estão a ser feitos já em Tóquio, mas fora da Aldeia”, avançou.

Contudo, apesar de “estar tudo a correr bem até à presente data”, todo o processo tem sido sobrecarregado por longos períodos de espera. “Há muitos constrangimentos, com muito tempo para sair do aeroporto, muitas barragens nos controlos que é necessário fazer, muitos testes… Há uma carga de natureza logística, burocrática e sanitária para a qual temos de estar preparados e ter muita paciência, porque não vai ser fácil”, avisou, antecipando que tudo pode até agravar-se “quando a carga nos aeroportos aumentar”.

PUB • CONTINUE A LER A SEGUIR

Temo que o tempo de espera possa também ele aumentar. Enfim, é o quadro que é possível para a realização dos Jogos e é para ele que temos de estar preparados”, acrescentou.

A situação pode ainda piorar e complicar-se se o quadro pandémico se agudizar no Japão: “Somos surpreendidos a cada semana com mais medidas. Temos de estar preparados, porque pode haver um aumento dos constrangimentos que estão a ser postos, relativamente sobretudo à questão da mobilidade.”

Em todo o caso, José Manuel Constantino desconhece “o que mais pode ser limitado” em Tóquio2020: “A cerimónia de abertura vai ser feita apenas com a presença de dois elementos por comité olímpico nacional! Estamos a falar de 500 pessoas, num estádio, numa cerimónia de abertura que é um espetáculo extraordinário… Vai ser apenas para as televisões, sem público.” Desta forma, o presidente do COP lamenta o ambiente que rodeia esta edição dos Jogos Olímpicos, “os jogos do confinamento, uns jogos atípicos e muito severos”.

As exigências do Comité Organizador são muito grandes, a opinião pública japonesa não é favorável à realização dos Jogos… Há um ambiente que não é propriamente de festa ou alegria, que é normalmente o espírito dos Jogos”, afirmou.

Relativamente à prestação dos atletas e equipas nacionais, José Manuel Constantino espera que confirmem as qualidades que lhes garantiram lugar em Tóquio2020. “Mais do que otimismo, tenho alguma esperança de que, apesar destes constrangimentos, o valor dos atletas se possa evidenciar no contexto das competições. E portanto, o mérito que teve na origem dos seus apuramentos — as marcas, os resultados — se possam confirmar e o balanço final a fazer do ponto de vista desportivo seja positivo; e do ponto de vista social naturalmente, também seja positivo”, concluiu.