A história

Ricardo Graça Moura, Luís Folhadela e Paulo Freire são os três sócios responsáveis pelos restaurantes Flow, aberto desde 2014 e especialista em cozinha mediterrânea, e Mistu, aberto desde 2017 e direcionado para comida do mundo. Há um ano, foram convidados a ocupar a morada de uma antiga mercearia situada no quarteirão das artes portuense, ocupando assim a esquina que liga Miguel Bombarda à rua Adolfo Casais Monteiro. “Primeiro veio o espaço e só depois o conceito”, começa por explicar Luís Folhadela ao Observador.

Rodeados de galerias de arte e projetos emergentes, os três sócios viram potencial no espaço, apesar do movimento ser tímido e do turismo ter praticamente desaparecido. “Acreditamos muito nesta zona, não tem o fluxo de pessoas a que estamos habituados nos outros restaurantes, mas é uma área em plena expansão”, acrescenta Ricardo Graça Moura.

A cozinha do Okra é aberta, lá dentro o forno a lenha veio diretamente de Nápoles e é comandado pelo chef Rui Mingatos

Paulo Freire, outro dos sócios, segurou o leme de restaurantes como o D’Oliva, o Al Forno ou o The Pizza e a sua experiência em cozinha italiana falou mais alto neste novo projeto, que, apesar de assumir uma base mediterrânea, quer quebrar todos os clichês de uma típica pizaria, a começar pelo nome. Okra significa quiabo, uma planta de origem africana muito utilizada na cozinha brasileira. O ingrediente não faz parte da carta do restaurante, mas dá-lhe o nome que “surgiu à última da hora”.

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“O nome inicial, Barza, era uma junção das palavras bar e pizza, mas foi rejeitado pelo INPI (Instituto Nacional de Propriedade Industrial) porque havia um conflito fonético com outras marcas. Já tinha registado o nome Okra no passado, gosto de palavras pequenas. É uma palavra rude, pouco elegante, agressiva e seca, mas tem a vantagem de despertar curiosidade e de foneticamente ficar no ouvido”, justifica Ricardo Graça Moura.

Apesar da pandemia, o grupo não deixou de investir em novos projetos na cidade e, além do Okra, de portas abertas há um mês, até ao final do ano vai inaugurar um novo conceito na zona da Boavista, sendo o “maior investimento” dos três sócios até agora.

O espaço

Esqueça o mobiliário em madeira, as toalhas axadrezadas vermelhas, a jarra de flores no centro da mesa ou a música italiana a soar das colunas. No Okra, o conceito é italiano, mas a decoração parece de um autêntico fine dining. “Quando entramos numa pizzaria há sempre muita luz e muito barulho, quisemos fazer aqui uma abordagem disruptiva, criando um  espaço confortável, bem iluminado, com uma boa acústica e valorizando elementos que normalmente não o são em conceitos deste género”, sublinha Ricardo Graça Moura.

Branco, preto e dourado são os tons que reinam na decoração de um espaço que quer fugir a todos os rótulos italianos

Sete meses de obra foram o suficiente para nascer um espaço requintado com capacidade para receber 40 pessoas e onde saltam à vista os tons de branco, preto e dourado, em detalhes como as cadeiras, as mesas ou as cortinas. No teto há plantas suspensas, candeeiros de palha e ventoinhas, nas paredes há quadros com cartoons e ilustrações alusivos à música, à praia e ao espírito de aventura, e das colunas ouvem-se clássicos da bossa nova. “Tudo isto é uma mistura do que gostámos e do que já usámos noutros restaurantes. A ideia principal é passar uma mensagem de alergia, boa disposição e conforto, essencialmente”, explica Paulo Freire.

O Okra tem a cozinha aberta, onde as pizzas são feitas num forno a lenha vindo de Nápoles, um bar apetrechado de cocktails de autor e cadeiras altas, algo pouco comum em restaurantes italianos, e na sala de jantar encontra-se um bar de corte, onde são confecionadas todas as entradas graças a uma máquina de corte, feita em cerâmica da marca Berkel, que enche o olho de qualquer um vista do balcão envidraçado.

Iluminação, acústica e temperatura são algumas das preocupações do grupo de sócios relativamente ao espaço

“Ter tudo à vista do cliente cria proximidade e permite uma descontração que procuramos. Depois da pandemia, gostávamos de alargar o horário e usar mais o bar para que as pessoas possam vir dividir uma pizza ou uma entrada e beber um copo ao fim da tarde”, adianta Ricardo Graça moura.

A comida

A carta é curta, tem assinatura do chef Rui Mingatos e não se resume apenas a pizzas. Há pratos frios e quentes, combinações improváveis e clássicos que nunca saem de moda. Os ingredientes são todos nacionais, à exceção do molho de tomate e do pepperoni que vêm diretamente de terras italianas.

Nas entradas destacam-se o antipasto (19€), o tártaro de carne com manjericão, tomate e gema de ovo curado (9€), o carpaccio de novilho com alcaparras, parmesão e anchovas (9€), o crudo de corvina, uma espécie de ceviche sem leite de tigre, com tomate e puré de alcachofras e limão (9€), a salada de abóbora assada com burrata, mel, alecrim e alaace romana (15€) ou o ovo no forno com ricotta, cogumelos e húmus de goronzola (9€).

As pizzas são servidas ao estilo napolitano e além de clássicos como a margherita (9), a presunto de Parma (16€) ou a pepperoni (14€) (14€), há casamentos fora do comum como a de cinco queijos (ricotta, mozarela, gongonzola e parmesão) com figo e pêra (16€), a de pato fumado, a de camarão com tinta de choco e carpaccio de polvo (15€) ou a de cogumelos com queijo de cabra (15€).

4 fotos

Para finalizar, a rainha das sobremesas é a mousse de chocolate 70%  com creme de licor Frangelico, biscoito e fudge de avelãs (6€), mas há outras opções gulosas como o gelado de mascarpone com rum, biscoito e creme de café com chips de chocolate negro (5€), o semifrio de ricotta com figo, laranja e crocante de especiarias (5€) ou, para dividir com companhia, a box de quatro mini cornetos com gelado de limão, tangerina e laranja, baunilha e café e chocolate e avelã (6€).

Normalmente acompanhada por espumante, cerveja ou sangria, a cozinha italiana fica ainda melhor regada com cocktails como o Pisco Sour (8€), a Margarita (7€) ou um mojito (8€). No Okra, há ainda cocktails sem álcool e uma panóplia de vinhos que variam entre o branco, o tinto e o rosé.

O que interessa saber

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Nome: Okra Pizza Fun & Drinks
Abriu em: junho de 2021
Onde fica: Rua Adolfo Casais Monteiro, 94, Porto
O que é: um restaurante italiano com entradas frias e pizzas ao estilo napolitano
Quem manda: Paulo Freire, Luís Folhadela e Ricardo Graça Moura, donos de restaurantes como o Flow ou o Mistu
Quanto custa: preço médio de 30€/pessoa
Uma dica: atente à máquina de corte que reluz na sala de jantar, é de lá que saem todas as entradas frias, como o antipasto ou o carpaccio de novilho
Contacto: 96 942 63 37
Horário: Segunda sábado, das 12h30 às 15h; das 19h30 às 22h30
Links importantes: site, instagram, facebook

“Cuidado, está quente” é uma rubrica do Observador onde se dão a conhecer novos (e renovados) restaurantes.