O investimento em imobiliário de rendimento totalizou 530 milhões de euros no primeiro semestre de 2021, registando uma queda homóloga de 70%, segundo a consultora CBRE, sendo necessário recuar a 2014 para encontrar uma quebra de atividade comparável.

“Nos primeiros seis meses do ano, foram investidos 530 milhões de euros em imobiliário de rendimento, o que representa uma redução da atividade apenas comparável com 2014 e os anos anteriores à crise económica e financeira”, refere a consultora imobiliária num comunicado esta segunda-feira divulgado, assinalando que a quebra semestral ocorre apesar da subida de 65% observada no segundo trimestre face ao anterior.

Do valor total investido nesta primeira metade do ano de 2021 — cujos primeiros três meses ficaram marcados pelo segundo confinamento geral, — 40% (201 milhões de euros) foram canalizados para escritórios, 31% (165 milhões de euros) para imóveis residenciais de arrendamento e 14% (75 milhões de euros) para retalho.

Apesar desta entrada do ano menos positiva, os negócios em curso levam a CBRE a projetar uma segunda metade do ano “bastante mais dinâmica”, assinalando que alguns daqueles negócios cujo valor é mais significativo envolvem hotéis, habitação e até algumas unidades de saúde, existindo também diversos edifícios de escritórios em negociação.

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No total, a consultora prevê um volume de investimento adicional que poderá atingir os 2.200 milhões de euros, valor que inclui uma transação que “per si representa cerca de mil milhões de euros”, admitindo, contudo, que, pela sua dimensão e complexidade, esta possa resvalar para 2022 e, desta forma impactar os resultados de 2021.

“Desta forma, a previsão da CBRE aponta para um intervalo de volume total de investimento em 2021 entre 1.700 e 2.700 milhões de euros, estando a consultora envolvida em 90% do volume de investimento estimado para o segundo semestre”, refere no comunicado.

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Citado na mesma nota, Nuno Nunes, diretor sénior para a área de capital Markets da CBRE Portugal, assinala que, apesar da incerteza que a pandemia veio colocar relativamente ao futuro do trabalho e ao regresso ao escritório físico, a consultora vê “muito interesse por parte dos investidores em ativos para escritórios”, sobretudo “nas localizações “prime” e de referência da cidade”.

Relativamente ao residencial, o responsável assinala registar-se “muita procura” por este tipo de produto, referindo que apesar de Portugal não ter ainda projetos de “build to rent” a consultora imobiliária está envolvida em algumas transações tanto de grandes portefólios como de edifícios avulsos.

“Adicionalmente têm-se concretizado diversos negócios envolvendo vistos “gold” em lojas de comércio de rua, uma tendência que advém da decisão legislativa de término deste programa para o mercado residencial nas zonas litorais, nomeadamente nas cidades de Lisboa e Porto”, adianta ainda Nuno Nunes.

Ainda no âmbito do retalho, a consultora, que é responsável pela gestão de 16 centros comerciais e “retail parks” localizados em vários pontos do país, adianta que se está a verificar uma recuperação mais rápida do que a registada no ano passado após o primeiro confinamento, o que revela “uma retoma na confiança dos consumidores”.

Relativamente à logística, a CBRE indica que o setor está a verificar níveis de atividade recorde, tendo registado um total de 227 mil metros quadrados de espaços contratos no primeiro semestre — quase o mesmo que o registado no conjunto do ano passado.

Nos escritórios, setor mais impactados pelos efeitos das restrições associadas ao combate à pandemia, nomeadamente a imposição do regime de teletrabalho obrigatório, os 55 metros quadrados colocados em Lisboa ao longo do primeiro semestre refletem uma quebra de 34% face ao período homólogo de 2021, mas adianta que as perspetivas são mais animadoras para a segunda metade do ano.

A redução do volume de investimento registado no primeiro semestre não impediu, seguindo o diretor-geral da CBRE Portugal, Francisco Horta e Costa, a consultora de assumir “a liderança no mercado de investimento nesta primeira metade do ano, estando envolvida em 50% das transações realizadas no primeiro semestre de 2021, às quais corresponde 71% do volume total de investimento”.