O Centro Hospitalar e Universitário de São João (CHUSJ) registou no ano passado um decréscimo de 47% de dadores de órgãos falecidos, indicou esta terça-feira a coordenadora hospitalar de doação deste hospital do Porto, que está a apostar na sensibilização.

O decréscimo registado em 2020, face a 2019, deveu-se à suspensão da atividade de colheita de órgãos e transplantação, pelo risco de transmissão do novo coronavírus. Dados do Gabinete de Colheita e Transplantação (GCCOT) do CHUSJ mostram que este hospital registou um decréscimo de dadores falecidos na ordem dos 47%.

Mas, no Dia Nacional do Dador de Órgãos e da Transplantação que nesta terça-feira se assinala, a médica intensivista e coordenadora do transplante hospitalar do CHUSJ, Carla Basílio, adianta que “atualmente se assiste já à completa retoma do ritmo normal e previsível da transplantação no São João”.

“Contámos já no primeiro semestre de 2021 com 23 colheitas, 16 em DMC [dadores em morte cerebral] e sete em DPCC [dador em paragem cardiocirculatória]”, enumerou a médica.

Carla Basílio somou “41 transplantes de rins, quatro dos quais de dador vivo, cinco colheitas de transplantes de coração, todos transplantados, 86 colheitas de córneas e 70 transplantes, e 53 colheitas com 52 transplantes de células hematopoiéticas”.

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No âmbito deste trabalho de retoma e numa iniciativa que visa a sensibilização da comunidade para a doação de órgãos, o CHUSJ decidiu associar-se ao Instituto Português do Sangue e da Transplantação (IPST) e ilumina esta terça-feira de verde — cor que tem sido associada à doação e transplantação em Portugal — a fachada do hospital.

O objetivo da iniciativa é “reconhecer os profissionais envolvidos, os doentes transplantados, bem como agradecer aos dadores vivos e às famílias dos dadores falecidos, cuja generosidade permite salvar inúmeras vidas“, descreveu a coordenadora hospitalar de doação do CHUSJ.

A atividade de transplantação teve início neste centro hospitalar do Porto em 1983, com um transplante renal. Foi, também, no CHUSJ que se realizou o primeiro transplante de coração, em 1987, bem como o primeiro transplante renal de dador vivo, em 2004, e o primeiro transplante renal com dador em paragem cardiocirculatória, em 2016.