O presidente do Fórum para a Competitividade defendeu esta quarta-feira, em Lisboa, que a recuperação económica vai ser “lenta e difícil” sem uma política de saúde diferente, criticando ainda a “má gestão” da pandemia.

Sem uma política de saúde diferente, vai ser difícil e mais lento recuperar a economia“, afirmou Pedro Ferraz da Costa, no encerramento do debate PRR: “Potenciar os efeitos dos fundos europeus na economia nacional”, organizado pelo Fórum para a Competitividade, que decorreu no Centro de Congressos de Lisboa.

Ferraz da Costa criticou ainda “a má gestão da pandemia” de Covid-19, que classificou como um “travão” à recuperação económica. Este responsável lamentou a “constrangedora incapacidade em proteger os mais frágeis”, bem como a ausência de uma política de informação pública na área da saúde e as contradições e noticiários que contribuíram para causar pânico na sociedade.

Está a criar-se o espírito de uma quarta vaga, lançando dúvidas sobre a utilidade da saúde“, considerou o presidente do Fórum para a Competitividade, condenando a falta de uma política de saúde. Por outro lado, Pedro Ferraz da Costa pediu um “enquadramento claro e estável para a atividade empresarial”, acrescentando que, quanto ao Orçamento do Estado para 2022, ainda só são conhecidas as propostas do PAN.

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No que se refere aos fundos europeus, este responsável disse ser “um mau indicador” o facto de terem sobrado verbas do Portugal 2020 e vincou que os fundos não são “prémios para as atividades existentes“.

No mesmo debate, o administrador da Caixa Banco de Investimento (CaixaBI) defendeu que as ‘eurobonds’ são uma oportunidade e mais um pilar de integração europeia que “pode e deve” ser utilizado.

Nesta crise [Covid-19], a União Europeia montou as eurobonds e, para nós, isso constitui uma oportunidade. É mais um pilar de integração europeia, que pode e deve ser utilizado”, considerou Jorge Cardoso.

Relativamente ao Plano de Recuperação e Resiliência (PRR), Jorge Cardoso disse que o foco do grupo Caixa foi a execução, tendo criado uma task-force para divulgar o plano e as respetivas oportunidades, acrescentando que o mercado de capitais português pode dar um contributo para o coinvestimento referenciável.

O administrador do CaixaBI considerou ainda que o Banco Português de Fomento é “incontornável”, sendo responsável pela mobilização de uma série de “investimentos críticos” para a capitalização.

Por sua vez, a presidente da Cosec — Companhia de Seguro de Créditos, Maria Celeste Hagatong, indicou que, em dezembro de 2020, a exposição deste setor diminuiu cerca de 15%, o que implicou uma redução de 20.000 milhões de operações destes seguros em Portugal.

Segundo a responsável, esta evolução deveu-se a uma “redução por risco“, tendo sido necessário tomar “medidas fortes para diminuir a exposição”, mas também a uma redução da atividade. “Tivemos um apoio público muito atrasado e limitado relativamente a outros países europeus”, acrescentou.

No entanto, segundo os dados avançados por Maria Celeste Hagatong, o setor está agora preparado “para o crescimento e dinâmica empresarial que o PRR pode dar“. Presente na mesma sessão, o vice-presidente da Comissão Executiva do BCP, por seu turno, disse que, em termos do programa Portugal 2020, a instituição financeira apoiou “um em cada dois euros de investimento elegível”.

De acordo com João Nuno Palma, nos últimos dois avisos deste programa, o BCP tem uma quota de mercado de 38% (aviso sete) e 39% (aviso oito). O PRR tem um período de execução até 2026 e prevê um conjunto de reformas e investimentos para alavancar o crescimento económico.