De acordo com o tradicionalmente bem informado The Korean Car Blog, que costuma ser uma fonte fiável de novidades no que respeita aos fabricantes de automóveis sul-coreanos, o Kia Stinger tem os dias contados. Pelo menos, assim o aponta o plano de produção do construtor de Seul, citado pelo referido meio. O documento, que terá sido apresentado no passado dia 16 de Julho, estabelece que a produção do sedan desportivo cessará no segundo trimestre de 2022, isto pese embora o modelo tenha sido alvo de uma actualização no final de 2020.

Em Portugal, não está disponível no configurador da marca, aparecendo no seu lugar o EV6, a mais recente coqueluche dos sul-coreanos, que está a ser alvo de um invulgar interesse e curiosidade por parte de potenciais clientes. O que acontece por mérito próprio porque, conforme já aqui explicámos, este crossover eléctrico tem um rol de atributos muito atractivos, mas também porque a imagem da Kia beneficiou de um boost com a introdução do Stinger (“ferrão”), como que preparando o público para modelos mais sofisticados e, por tabela, mais caros.

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Apresentado no Salão de Detroit, em 2017, o Stinger deu de imediato nas vistas por ser um modelo que reunia os principais argumentos para ser um êxito, nomeadamente uma estética atraente assinada pelo respeitado Peter Schreyer e por Gregory Guillaume, tendo o estilo deste gran turismo sido originalmente projectado para ir ao encontro do gosto dos europeus, razão pela qual saiu das pranchas do Design Center da Kia em Frankfurt, na Alemanha. E porque este modelo visava precisamente bater-se taco a taco com a concorrência alemã, os sul-coreanos trataram de ir buscar um dos homens-fortes da BMW M, Albert Biermann, confiando-lhe a engenharia do projecto.

Albert Biermann, que tratou de afinar o Stinger, lidera o Departamento de I&D da Hyundai Motor/Kia Motors desde o final de 2018

O resultado não só agradou como foi o passaporte que garantiu a entrada da Kia na “liga” dos desportivos e, para mais, com uma aspiração premium. Tudo isto por pouco mais de 55.000€, enquanto foi comercializado em Portugal, ou no limite por perto de 90.000€, caso a opção sob o capot recaísse no 3.3 T-GDI AWD GT de 370 cv.

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Sucede que as vendas ficaram muito aquém das previsões iniciais. Embora o Stinger não tivesse uma ambição de volume, mas sim de imagem, a realidade é que as esperadas 1500 unidades que se previam vender mensalmente aquando do seu lançamento ficaram abaixo das projecções, especialmente nos últimos dois anos. Para tal terá contribuído o limite de emissões fixado por Bruxelas, mas também alguma relutância por parte dos consumidores em pagar mais do que 50.000€ por um veículo com um emblema sem tradição nesta faixa de preços mais elevada. Ainda que a sofisticação tecnológica, a atenção ao detalhe e o nível de qualidade tenham tido no Stinger a expressão máxima de até onde pode ir a Kia quando se predispõe a enfrentar os rivais alemães premium – Audi, BMW e Mercedes. Curiosamente, o “mano” Genesis G70, que partilha os órgãos vitais do Stinger (plataforma e mecânicas), descolou melhor comercialmente, tendo mesmo chegado a triplicar as vendas do Kia.