As nove famílias que restam sem colocação para os filhos após o anúncio do encerramento das creches de Cedofeita e Criança e Vida, no Porto, acusam o padre responsável pelas valências de bloquear uma solução, revelou esta sexta-feira Brígida Lobo.

Em declarações à Lusa na véspera da manifestação marcada para as 15h00 em frente à Câmara Municipal do Porto, a porta-voz das famílias que em maio foram surpreendidas com o anúncio do fecho para 31 de julho quer alertar consciências para encontrar uma solução.

Com a nossa manifestação de amanhã [sábado] queremos forçar o padre a ver que está a ter uma atitude incorreta, sobretudo, para com as crianças. Ela pensa que está a fazer bem, mas não está, sendo que tem o dever de proteger a comunidade”, disse.

A 11 de maio, em comunicado enviado à Lusa, o Centro Social Paroquial de Cedofeita que integra as duas creches invocou prejuízos acumulados de 500 mil euros e a possibilidade de manter abertas as restantes respostas para justificar o encerramento da creche e pré-escolar na instituição. Dois meses volvidos, Brígida Lobo culpa o pároco responsável pela atual situação.

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“Tivemos conhecimento de que havia instituições interessadas em assumir o protocolo da Creche de Cedofeita e da Creche Criança e Vida, ambas na mesma freguesia, e houve negociações. A ideia era que as duas funcionassem num só edifício, na creche de Cedofeita, mas o padre Fernando Silva não deixa”, relatou.

E prosseguiu: “Ele quer que a Criança e Vida assuma todas as funcionárias de Cedofeita, o que é difícil, porque estando as instituições servidas de funcionários, se tiverem de ficar com outros, acabariam por ter de despedir alguns”. A Lusa tentou obter uma reação do padre, mas até ao momento não foi possível.

A 12 de maio, a CDU/Porto instou a Câmara do Porto a solicitar ao Governo e à Segurança Social esclarecimentos sobre o encerramento das valências de creche e pré-escolar nas duas instituições e que deixavam sem resposta mais de 130 crianças. Questionada pela Lusa sobre essa situação, Brígida Lobo respondeu que “não houve efeitos práticos”.

As nove famílias em protesto, assinalou a porta-voz, “foram encaminhadas pela Segurança Social, mas sem garantia de que haja vaga para instituições no Porto, Custoias e Vila Nova de Gaia”. “O problema é que algumas delas não têm protocolo de Instituição Particular de Solidariedade Social. Ora, se eu quisesse pôr numa particular não precisava da Segurança Social para nada”, resumiu.