O comentador político Luís Marques Mendes disse este domingo, na SIC, ter “apurado” que os peritos de saúde vão propor “acabar com as restrições horárias que existem neste momento” no país, na reunião da próxima terça-feira, no Infarmed.

Ao que apurei, os peritos vão fazer uma proposta ao Governo, que em princípio deverá ser aceite. Não se trata de acabar com a máscara, o distanciamento ou a lotação em alguns estabelecimentos, mas sim com as limitações horárias — por exemplo dos restaurantes, das lojas comerciais, dos espetáculos”, apontou Marques Mendes.

O comentador político avança que os peritos “vão propor que acabem” as limitações horárias atualmente em vigor para o funcionamento de atividades — e que em alternativa irão propor “que se aposte na testagem e na vacinação, no certificado Covid”.

A proposta, segundo Marques Mendes, vai condicionar o acesso a quem não tiver vacinação ou teste negativo. “Nesses estabelecimentos quem tem vacinação ou teste não tem problemas. Fora isso, [quem não tiver] pode ter alguma dificuldade”.

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Luís Marques Mendes avançou ainda alguns dados que diz ter tentado “obter junto da task-force da vacinação”, relativamente aos objetivos para este verão. Segundo Marques Mendes, o objetivo é a 15 de agosto ter 66% da população com a vacinação completa e 75% com pelo menos uma dose.

A 1 de setembro, o objetivo será ter 83% das pessoas com pelo menos uma dose e 69% com vacinação completa. E no final de setembro, dia 30, a task-force conta ter 84% da população totalmente vacinada e toda a população elegível (com mais de 12 anos) com pelo menos uma dose recebida.

“A oposição é uma inexistência como alternativa, é um vazio”

Marques Mendes aproveitou ainda para comentar o recente debate do Estado da Nação no parlamento e a fase em que estão Governo e oposição. Sobre o país, apontou: “Estamos neste momento numa encruzilhada, numa situação pantanosa. As coisas não estão bem nem do lado do Governo nem da oposição”.

O Governo, diz Marques Mendes, está “em fim de ciclo, sem energia”, com uma geringonça “divida ao meio” e até “o apoio do Presidente da República já não é o que era”. A oposição até pode estar “ainda pior” porque “é uma inexistência como alternativa, é um vazio”.

Neste debate do Estado da Nação a oposição foi uma espécie de tesourinho deprimente. A bancada do PSD foi a que esteve menos bem, mas a oposição de modo geral tem estado deprimente”, criticou.

Para o comentador e conselheiro de Estado, há até um risco de “ingovernabilidade política” depois das próximas eleições legislativas, agendadas para daqui a dois anos (2023). “Pode não haver condições nem à direita nem à esquerda para um Governo estável de quatro anos, havendo o risco de voltarmos aos Governos de curta duração dos anos 80. Isto é muito mau mas nada disto se discute”.

Otelo foi “uma personalidade complexa, polémica e controversa”

O comentador reagiu ainda à morte de Otelo Saraiva de Carvalho, que descreve como “uma personalidade complexa e por isso mesmo polémica e controversa ao longo da sua vida”. Para Marques Mendes, “uns, talvez mais ao centro e à esquerda, valorizam sobretudo — e em exclusivo — a sua intervenção no 25 de abril, o que é natural e compreensível”. Outros, “mais à direita”, valorizam mais “aquela ligação que teve às chamadas FP-25 de abril, grupo terrorista que assassinou várias pessoas”.

Claro que é absolutamente censurável o que esse movimento fez. Morreram pessoas. As famílias dessas vítimas hoje devem sentir ainda que não têm nenhuma vontade de fazer uma homenagem. Mas há um outro plano, que não pode ser esquecido, negado e desvalorizado: a participação que teve no 25 de abril. Foi o arquiteto, o cérebro, o líder da organização que preparou e executou a revolução do 25 de abril — que não é um detalhe, é uma mudança radical na vida do país do ponto de vista político, económico e social”, referiu.

No plano da sua intervenção no 25 de abril, “não no outro”, Otelo Saraiva de Carvalho “merece uma homenagem”, referiu Marques Mendes. “Tudo isto fará inevitavelmente parte da história: os bons momentos e os momentos lamentáveis e censuráveis . Mas essa [última] parte deixaremos para mais tarde e para os historiadores”.