O investimento imobiliário cresceu 57% no segundo trimestre deste ano, face ao trimestre anterior, quando se tinha fixado em 224 milhões de euros, atingindo um total de 351 milhões de euros, segundo dados da consultora JLL.

Ainda assim, tendo em conta o agregado do semestre, de 575 milhões de euros de investimento, registou-se uma quebra de 63% em relação ao primeiro semestre de 2020, de acordo com a consultora.

“Este semestre fica marcado pela entrada de novos ‘players’ internacionais, por um lado, e pela crescente atividade dos investidores nacionais institucionais e também dos privados”, indicou a JLL numa nota na qual estima “que o volume de investimento total em 2021 ultrapasse os 2,5 mil milhões de euros, o que comprova a atratividade de Portugal como destino de investimento, mesmo num cenário de retoma e de alguma incerteza”.

De acordo com a consultora, “este volume é impactado por um dos maiores portfólios com grande exposição a ativos hoteleiros, que se perspetiva que seja transacionado este ano”. Segundo a JLL, o segmento da ocupação de escritórios deverá crescer “na segunda metade do ano, considerando o interesse demonstrado pelas empresas na tomada de espaços e a retoma do interesse internacional”.

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A consultora reconhece que os níveis de ocupação estão “aquém do verificado em anos anteriores”, mas destacou “a profunda reestruturação deste setor com os escritórios a serem encarados mais como espaços de colaboração e socialização do que meros espaços de trabalho, centrados no bem-estar dos seus colaboradores”, algo que, salientou, “impulsiona a procura por espaços de qualidade com critérios de sustentabilidade e eficiência”.

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A JLL adiantou que se sentiu, “obviamente, um abrandamento da atividade nos primeiros meses do ano, com uma descida da ocupação, mas um crescimento pontual ao nível da taxa de desocupação, ao mesmo tempo que se registou uma correção em baixa da renda ‘prime’ para os 24 euros/m2[metro quadrado]/mês em Lisboa”. Por outro lado, diz a JLL, “na habitação, além de uma crescente procura nacional, incluindo por produtos fora dos centros das principais cidades, como Oeiras, Cascais, Matosinhos ou Leça, a procura internacional está em crescimento”.

A consultora concluiu ainda que “o final do programa dos vistos ‘gold’ nos moldes atuais em janeiro de 2022 está a pressionar as vendas a estrangeiros e a diversificar o leque de nacionalidades ativas como o Brasil, França e Estados Unidos”, sendo que segundo a consultora há uma “grande resiliência nos preços da habitação em produto novo, bem concebido e ajustado ao mercado, o que é comprovado pelo número de pré-vendas, superior a 50%, de vários dos empreendimentos lançados pela JLL, no primeiro semestre do ano”.

De acordo com a JLL, o retalho é “um dos segmentos mais afetados pelos confinamentos e constantes constrangimentos sanitários”, mas tem “ainda assim resistido à pressão decrescente das rendas e evidencia um interesse crescente em alguns segmentos particulares, como o retalho alimentar, ‘bricolage’ e decoração, bem como o comércio de conveniência e proximidade”.

Por outro lado, no que diz respeito às rendas, “assiste-se a uma maior partilha de risco entre proprietários e inquilinos nos processos de renegociação e à resiliência nas rendas ‘prime'”. A consultora revelou que existe uma “tendência para renegociação das rendas em baixa, solicitando-se revisão na ordem de -5% a -10%”, mas ainda não tem “efeitos visíveis nos valores praticados”. Por isso, a renda ‘prime’ mantém-se estável, fixando-se em 115 euros/m2/mês nos centros comerciais e 130 euros/m2/mês no Chiado (Lisboa).