As dívidas do Serviço Nacional de Saúde aos fornecedores cresceram 119,5 milhões de euros em junho e ascendem a 605,4 milhões de euros, indicou esta terça-feira o Conselho Estratégico Nacional da Saúde, apelando a um orçamento suplementar.

“As dívidas do Serviço Nacional de Saúde (SNS) estão a crescer a um ritmo de quatro milhões de euros ao dia – só em junho cresceram 119,5 milhões de euros e já ascendem a 605,4 milhões de euros segundo a execução orçamental ontem [segunda-feira] revelada”, refere o Conselho Estratégico Nacional da Saúde (CENS), em comunicado.

O CENS, que reúne oito associações do setor e representam mais de 4.500 empresas a operar em Portugal, acrescenta que as dívidas por pagar há mais de 90 dias aumentaram “454 milhões de euros desde o início do ano e fazem temer pelo valor total da dívida do SNS“.

O Conselho Estratégico Nacional da Saúde sublinha que os pagamentos em atraso “são uma das deficiências estruturais do país e que afeta de modo muito especial a saúde sendo que a situação é particularmente grave quando a economia se ressente dos efeitos recessivos da Covid-19”.

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Não é aceitável que o Estado e o SNS se financiem crescentemente nos fornecedores. Para mais, a execução orçamental do SNS relativa ao primeiro semestre aponta para um aumento da despesa corrente de 9,5% face ao período homólogo, bastante impulsionada pelo aumento das despesas com pessoal relativas a novas contratações e ao aumento dos encargos com suplementos remuneratórios, em especial com trabalho extraordinário realizado no âmbito do combate à Covid-19, enquanto o financiamento do Orçamento do Estado não aumenta mais de 1,9%”, frisa aquele conselho que pertence à Confederação Empresarial de Portugal (CIP).

O CNES acrescenta que o défice do SNS até junho cifrou-se em 200,2 milhões de euros “representando uma deterioração de 424,4 milhões de euros face ao período homólogo”.

No comunicado, o CENS apela para que se equacione a apresentação de um orçamento suplementar para 2021 onde estejam devidamente contempladas “as reais necessidades correntes do SNS, o cumprimento atempado dos compromissos financeiros e um plano para recuperar a atividade assistencial e reduzir as listas de espera, que se têm acumulado e penalizam gravemente o acesso dos cidadãos aos cuidados de saúde”.