Seis espetáculos protagonizados por mulheres artistas, incluindo teatro, dança, performance e instalação, compõem o cartaz da primeira edição do Festival Rascunho, que vai decorrer em Évora, a partir de quarta-feira, revelou a organização.

O Festival Rascunho — Ciclo Instável de Artes Performativas no Feminino é promovido pela Colecção B, estrutura cultural sediada em Évora, em parceria com a câmara municipal, e vai ter lugar em vários espaços da cidade, até 30 de agosto.

Segundo a organização, em comunicado enviado à agência Lusa, a iniciativa surge na sequência do cancelamento por parte do Município de Évora da edição deste ano do Festival Artes à Rua, previsto para agosto, devido à evolução da situação pandémica da covid-19.

O Festival Rascunho “nasce neste contexto particular” da covid-19 e “é representação da inconstância perante uma vida que se suspende e retoma a cada nova vaga, condicionada pela evolução ou regressão dos números da pandemia do eternamente ‘novo’ vírus” SARS-CoV-2, frisou a Colecção B.

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Com direção artística de Vanda Rodrigues, o evento “quer propor à cidade a ocupação de todos os palcos por mulheres”, para dar visibilidade à criação cultural no feminino.

“É muito importante apoiar as artes no feminino”, porque, além de “haver, historicamente, uma luta nesse sentido”, ainda hoje “subsiste um desequilíbrio nas artes performativas, entre homens e mulheres”, realçou a diretora artística do Rascunho.

Os seis espetáculos que preenchem o programa da iniciativa, todos protagonizados por mulheres e com entrada gratuita, são “esboços de novas formas”, nomeadamente “teatro que se aproxima da instalação ou dança que se aproxima do ritual”, indicou a entidade organizadora.

Com a programação selecionada, a Colecção B propõe “uma aproximação do público à complexidade das artes performativas contemporâneas, também elas sempre definidas por regras que são um esboço ou rascunho”, por isso “instável” e que “configura e revela novas construções formais”.

A performance de dança “Musculus”, de Beatriz Dias, dá o “pontapé de saída” da iniciativa, já esta quarta-feira à noite, no Jardim Público de Évora.

“É uma performance sobre a mulher ancestral”, resumiu Vanda Rodrigues, explicando que será “um espetáculo muito curto, com cerca de 35 minutos, mas muito intenso”, porque a sua criadora e intérprete “é uma ‘performer’ com uma energia muito forte”.

A proposta seguinte, a representar nos dias 06 e a 07 de agosto, na SOIR Joaquim António d’Aguiar, é a peça de teatro “Toca”, que aborda “a experiência de ser mãe”, criada por Cláudia Terrinca, da companhia UmColetivo, de Elvas (Portalegre).

Nos dias 07 e 08 de agosto, têm lugar a performance de teatro documental “Em Lume Brando”, de Joana Martins, em parceria com a associação PédeXumbo, nos Antigos Celeiros da Epac, e a instalação “Abrigo”, de Joana Piçarra, em parceria com a Associação Pó de Vir a Ser, nas instalações do Antigo Matadouro.

O Convento dos Remédios acolhe, a 08 de agosto, o espetáculo teatral “Memorial”, com texto de Lígia Soares, que é também uma das intérpretes, juntamente com Sónia Batista, numa produção da própria Colecção B.

O encerramento do Festival Rascunho está marcado para o Teatro Garcia de Resende, a 30 de agosto, com o solo de dança “DEN.TRO”, por Maria Fonseca, da associação cultural ÚTERO, de Lisboa.