A variante delta já é “completamente dominante” em Portugal: 98,6% das amostras recolhidas e sequenciadas pelo Instituto Nacional de Saúde Doutor Ricardo Jorge (INSA) entre 12 e 18 de julho são da variante originalmente identificada na Índia. A variante britânica (alfa), que era dominante antes do surgimento da delta, tornou-se assim residual a partir de junho: se representava 50% dos novos casos no final de maio, agora fica-se pelo 1%. Os dados foram avançados por João Paulo Gomes, investigador do INSA, durante a reuniaõ do Infarmed desta terça-feira.

Também a variante da África do Sul, formalmente designada como variante beta, eclipsou-se em Portugal. João Paulo Gomes confirmou que as autoridades de saúde não registaram nenhum caso provocado por essa variante nos últimos tempos, mas que foram detetados dois casos da variante lambda, que apareceu pela primeira vez do Peru. Quanto à variante gama (Manaus), ela tem uma “expressão residual”.

Segundo as autoridades de saúde, foi mesmo a variante delta a responsável pela quarta vaga de Covid-19 em Portugal, uma vez que, quando ela começa a crescer, foi acompanhada por aumento do número de casos. João Paulo Gomes avisa que o aparecimento de novas variantes é “expectável” num cenário crescente de imunidade populacional. As variantes vão “partilhando mutações” e “combinando” alterações para se adaptarem. A boa notícia é que as vacinas têm-se demonstrando eficazes contra elas, termina o investigador.

De acordo com o documento exibido na reunião no Infarmed, entretanto publicado também no site do INSA, desde junho de 2021 que as autoridades de saúde estão a fazer uma média de 574 sequências por semana. O aumento da capacidade de sequenciação resultou de uma “alteração de estratégia”, explicou João Paulo Gomes: até maio de 2021, os resultados estudados pelo INSA eram de base mensal, concentrados nos casos detetados em duas semanas de cada mês, o que permitia realizar 1.500 sequências. Agora, elas são feitas semanalmente, o que permite chegar às 2.400 sequências mensais.

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Os dados recolhidos por região revelam que a variante delta simboliza 100% dos novos casos na região Centro e nos Açores e 99,4% na região Norte. Em Lisboa e Vale do Tejo, 98,2% das sequências são provocados por esta linhagem do vírus, seguindo-se o Algarve (97%) e o Alentejo (96,3%). A região da Madeira é aquela onde a prevalência da variante delta é mais baixa, mas mesmo assim alcança os 95,5%.

Entre as 3.178 sequências da variante delta, 59 apresentam a mutação adicional que tem sido designada como “delta plus”. De acordo com João Paulo Gomes, esta sub-linhagem tem mantido uma frequência relativa abaixo de 1%: na semana entre 11 e 17 de julho, foram detetados apenas três casos da variante delta plus.

Quanto às outras variantes de interesse em circulação em Portugal, destaca-se ainda a variante B.1.621 (detetada inicialmente na Colômbia, mas que ainda não foi batizada com nenhum letra grega). A frequência desta variante continua, ainda assim, abaixo de 1%, tendo mesmo descido para 0,2% na segunda semana de julho e depois para 0% na semana seguinte.