Foi um dos momentos mais arrepiantes do passado recente do ciclismo. Quando liderava a prova de estrada dos Jogos Olímpicos de 2016, no Rio de Janeiro, Annemiek van Vleuten teve um aparatoso acidente a 11 quilómetros do fim. A ciclista dos Países Baixos falhou a travagem numa curva e caiu de cabeça, acabando por ser hospitalizada com três fraturas na coluna e uma grave concussão. Esta era, até esta quarta-feira, a memória que Van Vleuten tinha dos Jogos Olímpicos. A partir desta quarta-feira, Van Vleuten terá outra memória para contar quando tiver netos.

A ciclista dos Países Baixos venceu o contrarrelógio feminino depois de já ter sido medalha de prata na prova de estrada — uma competição onde protagonizou um dos momentos mais caricatos de Tóquio 2020, já que festejou a vitória, convencida de que tinha conquistado o ouro, quando a austríaca Anna Kiesenhofer já tinha cruzado a meta instantes antes. Esta quarta-feira, Van Vleuten ficou à frente da suíça Marlen Reusser, que ganhou a medalha de prata, e da também holandesa Anna van der Breggen, que alcançou o bronze.

Ciclista Van Vleuten festejou o ouro, mas afinal tinha ganho a medalha de prata

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O título olímpico da ciclista de 38 anos, que já tinha estado então nos Jogos de 2012 e de 2016 mas só a competir na prova de estrada, foi a melhor resposta de Annemiek van Vleuten à grave queda do Rio de Janeiro. Na altura, e depois de ter estado hospitalizada, a holandesa surpreendeu toda a gente ao aparecer a pedalar apenas 10 dias depois e realizou um regresso à competição absolutamente impressionante, um mês depois, vencendo a Volta à Bélgica.

Van Vleuten, que é licenciada em epidemiologia e só começou a praticar ciclismo depois de uma lesão no joelho a forçar a deixar o futebol, já era uma das figuras de Tóquio 2020 por ter festejado um ouro que era, na verdade, uma prata. Mas só precisou de três dias para provar que o festejo estava certo — só pecou por antecipado.