Às 6h30 da manhã, Rui Pedro já se encontrava na estação da Senhora da Hora, pronto para apanhar o metro que o levaria até ao seu local de trabalho. É uma rotina que faz praticamente todos os dias, mas esta quarta-feira, fruto da greve dos maquinistas da Metro do Porto, a tarefa levou mais tempo. “Fiquei surpreendido. Cheguei aqui à estação e reparei que não tinha ninguém e achei estranho. Agora tenho de estar aqui mais 20 minutos à espera do metro”, conta ao Observador, sentado num dos bancos da estação.

À semelhança deste passageiro, muitos clientes da Metro do Porto tiveram que alterar planos, arranjar transporte alternativo ou esperar mais tempo pelo transporte público, devido a uma greve que afetou operação na generalidade da rede. Os metros apenas circularam na linha de Gaia e no troço comum Estádio do Dragão-Senhora da Hora, deixando de parte as ligações a outros concelhos do Grande Porto, como Matosinhos, Póvoa de Varzim e Maia.

Na estação da Senhora da Hora — que num dia normal estaria com um grande movimento, uma vez que passam por aqui composições de todas as linhas da rede –, foram vários os passageiros que chegaram e ficavam surpreendidos ao ver o aviso de greve sem serviços mínimos exibido nos ecrãs de informação. “Quem nos avisou foi o segurança. Disseram-nos que só vinham metros daqui da Senhora da Hora diretamente para o Estádio do Dragão, de meia em meia hora. Por azar, quando estávamos a chegar à estação estava a sair um metro e agora temos que esperar meia hora”, refere Virgínia Aguiar, que tinha intenções de ir até à estação de Campanhã com a família.

Na estação da Trindade, uma das mais movimentadas da rede da Metro do Porto, as dúvidas e tempos de espera também persistiram. Enquanto esperava pelo metro para Santo Ovídio, Aline percebia que a demora das composições se devia à greve dos maquinistas. “Não sabia da greve e acho que até me vou atrasar para o trabalho”, conta ao Observador, acrescentando que a população deveria ter sido avisada com mais antecedência.

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Já Sérgio Silva, desiludido com os tempos de espera que ia vendo no ecrã da estação, decidiu que não ia esperar pelo metro em direção ao Estádio do Dragão. “Isto é um exagero. Um minuto, cinco minutos ainda vá lá. Agora 10, 20, 30 minutos, não. Quero ir para o Estádio do Dragão e não consigo. Tenho de ir a pé“, lamenta, acrescentando que deveria ter deixado a decisão de carregar o passe para mais tarde.

“A circulação está reduzida ao tronco comum e à linha de gaia. Apenas estão alguns colegas a garantir estas viagens, colegas contratados a tempo incerto, com trabalho precário e não sabem o futuro. Temos entre 90% a 95% de adesão“, explicou ao Observador Hélder Silva, dirigente do Sindicato dos Maquinistas (SMAQ), acrescentando que entre as reivindicações dos maquinistas da Metro do Porto estão “a melhoria dos serviços, a redução da carga horária, pela responsabilidade e penosidade da função, a comunicação das escalas a tempo e horas, a rotação de folgas e, a nível remuneratório, a valorização da carreira de atração na empresa”.

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No pré-aviso de greve, o SMAQ comunicou que a greve visa o “desbloqueio da negociação de um acordo de empresa (…) para além das cláusulas já acordadas”. O sindicato indicou ainda não ter proposto serviços mínimos por “entender haver alternativas suficientes nos transportes coletivos na área geográfica abrangida pelo serviço da Metro do Porto”, lê-se ainda. A operação e manutenção do metro do Porto é efetuada, em subconcessão, pela empresa ViaPorto, do grupo Barraqueiro, à qual se pediram esclarecimentos, não fornecidos em tempo útil.

O mesmo sucedeu com a empresa Metro do Porto, SA, que já se tinha pronunciado sobre a greve desta quarta-feira e de sexta-feira, lamentando que o SMAQ e a subconcessionária para a operação e manutenção do sistema “não tenham conseguido alcançar um acordo que permitisse evitar a greve o consequente incómodo para os milhares de clientes do metro”. Em comunicado, na sua página da Internet, a empresa afirmou aguardar com “expectativa que ambas as partes possam alcançar um entendimento que leve a que não haja nova greve no dia 30 de julho [sexta-feira]”. Depois deste período de greve de 24 horas, a circulação retoma a normalidade na quinta-feira, voltando os maquinistas à paralisação durante todo o dia de sexta-feira.