“Parece-me impensável que isto não seja feito”. Numa visita ao Centro Hospitalar Universitário de São João (CHUSJ), Rui Moreira, presidente da Câmara Municipal do Porto, não tem dúvidas da importância da construção de um heliporto neste hospital. Juntamente com José Manuel Ribeiro, autarca de Valongo, e António Silva Tiago, autarca da Maia, os três municípios assinaram um ofício a sublinhar a necessidade e a urgência da construção deste equipamento, deixando ainda o compromisso de apoiarem o projeto.

“Assinamos hoje [quinta-feira] uma carta que será endereçada ao Governo no sentido de apelar para dar autorização à Comissão de Coordenação da Região Norte para disponibilizar estes fundos. Aquilo que também dissemos é que relativamente à componente nacional, que nós, os três municípios, poderemos disponibilizar esses recursos, se for essa uma condição sinequa non”, referiu Rui Moreira.

O presidente da Câmara Municipal do Porto alerta ainda para “uma certa desigualdade” em relação aos apoios dados pelo Estado. “Os hospitais de Lisboa e Vale do Tejo não podem concorrer a fundos e estes apoios estão a ser dados diretamente pelo Estado Central, pelo Orçamento do Estado, o que não me parece mal. Mas quando falamos em hospitais em regiões de convergência, como é o nosso, tem que se tentar arranjar através de fundos estruturais e depois a componente nacional fica sempre pendurada”, acrescenta o autarca, sublinhando ainda que o papel das três autarquias é “ajudar a persuadir o Governo de que dentro dos fundos estruturais que existem para a região, há verbas disponíveis para esta situação”.

Há 62 anos foi construído um heliporto no Hospital de São João. No entanto, “para melhorar a sua infraestrutura e responder aos requisitos legais para este tipo de equipamentos”, a estrutura foi encerrada há cerca de 20 anos, “à espera de um projeto que o pudesse viabilizar, sendo desde essa altura sentido como uma necessidade premente para os cidadãos”, refere o hospital.

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Para Fernando Araújo, presidente do conselho de administração do São João, o projeto do heliporto é um “projeto emblemático, não para o hospital, mas para a região Norte“, uma vez que é ao CHUSJ que chegam doentes críticos de toda a região — como o trauma pediátrico e doentes queimados graves — e é necessária uma resposta mais rápida e facilitada. “Temos problemas no acesso quando são doentes que realmente precisam e que o tempo é um fator preponderante”, alerta.

O INEM tem que, por vezes, divergir os doentes para outros locais, por vezes tem de trazê-los por via terrestre e esse atraso pode ter impacto significativo em termos de mortalidade e morbilidade, daí a importância deste projeto, para também conseguirmos rentabilizar todo o esforço que foi feito na criação de heliportos noutros pontos do país, nomeadamente no interior, e na excelente frota que o INEM possui de helicópteros”, acrescenta Fernando Araújo.

O hospital tem trabalhado com a Autoridade Nacional de Aviação Civil (ANAC) no desenvolvimento do projeto, tendo já sido escolhido o vencedor do concurso público para o mesmo. Agora, explica Fernando Araújo, falta o financiamento de cerca de 1,4 milhões para concretizar esta valência. “O objetivo era podermos, eventualmente, ir a fundos europeus. Trata-se de um projeto que é estruturante para a região. O objetivo é conseguirmos que esses fundos consigam investir e criar condições para que isto seja uma realidade”, acrescenta. Arranjado o financiamento, sublinha, a empreitada será concluída em seis meses.