Durante o Grande Prémio (GP) de Inglaterra, realizado em Silverstone em meados de Julho, a Ferrari estava decidida a disputar um lugar no pódio e a exibir o saudoso 375, o F1 que venceu o GP de 1951. Pilotado pelo argentino José Froilán González, coube-lhe conquistar a primeira vitória para a marca do Cavallino Rampante, o que desde logo lhe granjeou um lugar na história.

Este ano, em que se comemoraram 70 anos sobre o sucesso no GP britânico, a Ferrari levou a Silverstone um 375 imaculadamente restaurado, similar ao então pilotado por González e pelo primeiro piloto da Ferrari na época de 1951, o italiano Alberto Ascari. Apesar da vitória do argentino no GP de Inglaterra e das duas alcançadas pelo italiano, o primeiro lugar no campeonato acabaria por sorrir a outro argentino, José Manuel Fangio, que se sagraria campeão com um Alfa Romeo.

O 375 era um modelo potente, equipado com um imponente 4.5 V12 que fornecia 355 cv, potência que ganha outra dimensão quando pensamos que o F1 italiano não ultrapassava 720 kg. Foi exactamente este F1 que a Ferrari desafiou Leclerc a pilotar em Silverstone, no mesmo traçado em que dias depois viria a conquistar um saboroso 2º lugar no GP inglês. Só que em vez do seu F1, largo, baixo, com muito apoio aerodinâmico que o cola à pista, pneus mais aderentes e largos e ligeiramente acima de 1000 cv de potência, em condições de qualificação, o 375 oferece um chassi tubular, que face aos actuais mais parece uma banana em matéria de resistência à torção, pneus muitos estreitos e de aderência discutível e zero apoio aerodinâmico, mais parecendo um supositório sobre rodas.

As imagens revelam um Charles Leclerc a “apalpar” um tipo de carro de competição que lhe é estranho, sem apoio, sem grip e com uma direcção que, em termos de sensibilidade e de precisão, será provavelmente a pior que o piloto encontrou pela frente. E como se isto não bastasse, o 375 monta o pedal do acelerador ao centro, com o travão à direita e a embraiagem do lado esquerdo, para comandar a caixa manual de quatro velocidades. Veja aqui as opiniões de Charles Leclerc e Marc Gené sobre uma máquina infernal de há 70 anos.

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