Depois de Nuno Melo e Telmo Correia, Adolfo Mesquita Nunes. O antigo vice-presidente de Assunção Cristas criticou publicamente a decisão de Francisco Rodrigues dos Santos de excluir João Gonçalves Pereira, líder da distrital e vereador em Lisboa, da coligação que vai tentar derrotar Fernando Medina.
Nas redes sociais, Mesquita Nunes voltou a repetir as acusações de saneamento. “Num partido que valoriza o trabalho, veta-se quem trabalhou e deu a cara pelo CDS em Lisboa. O Carlos Moedas, que é um excelente candidato, merecia mais: merecia que o CDS não tivesse saneado alguns dos seus melhores, dos que mais conhecem o terreno, dos que mais trabalharam por Lisboa”, escreve o democrata-cristão.
https://www.facebook.com/adolfomesquitanunes/posts/4538299859513596
Ainda em março, os críticos da atual direção do CDS chegaram a acusar Rodrigues dos Santos de estar a liderar uma “tentativa de purga e saneamento político”. Adolfo Mesquita Nunes, que chegou a desafiar abertamente Francisco Rodrigues dos Santos em Conselho Nacional, foi, na altura, um dos mais vocais nessas críticas.
“João Gonçalves Pereira não merecia esta vingança cobarde”
Também João Almeida já reagiu à decisão da direção nacional do CDS. Num texto publicado no Facebook, o deputado e challenger de Francisco Rodrigues dos Santos nas últimas interna diz que foi ultrapassado um “limite fundamental” e aponta o dedo a Rodrigues dos Santos: “João Gonçalves Pereira não merecia esta vingança cobarde”.
“Há limites. E esta exceção que confirma a regra resulta da ultrapassagem de um limite fundamental. O respeito do CDS por si próprio e a sua relevância como partido. O saneamento partidário do melhor vereador da Câmara de Lisboa prejudica gravemente o CDS e fere a candidatura que o CDS integra. O João Gonçalves Pereira não merecia esta vingança cobarde”, escreve o democrata-cristão.
https://www.facebook.com/joao.pinhodealmeida.1/posts/10158578697494755
Pedro Mota Soares, antigo ministro da Segurança Social, também se juntou ao coro de críticas para lamentar a decisão de Francisco Rodrigues dos Santos e por ter sido responsável direto por uma lista a Lisboa necessariamente “mais pobre”.
“Uma lista do CDS sem a presença do João é uma lista mais pobre, que não reconhece o mérito, a sensibilidade social, a capacidade de trabalho e o conhecimento dos temas de alguém que já deu e quer continuar a dar o melhor de si à sua cidade. Promover o mérito, a sensibilidade social, a capacidade de trabalho e o conhecimento dos dossier podia ser um lema do CDS. Com esta exclusão fizeram exatamente o seu contrário”, escreve Pedro Mota Soares.
https://www.facebook.com/LPMotaSoares/posts/10223638772189366
Na reunião da Comissão Política Nacional do partido, que decorreu na noite de terça-feira, Nuno Melo apontou duras críticas à direção do partido, lamentando a forma como abdicou de maior representatividade na coligação com Carlos Moedas e como acabou por deixar cair Assunção Cristas e João Gonçalves Pereira.
O eurodeputado, que se afigura como o mais provável adversário de Francisco Rodrigues dos Santos nas próximas eleições internas do partido, acabou mesmo por votar contra a direção nacional na escolha da lista para Lisboa — tal como Telmo Correia, líder parlamentar do partido.
Melo ‘chumba’ acordo em Lisboa e denuncia “saneamento” de Cristas e Gonçalves Pereira
Na opinião de Melo, Assunção Cristas e João Gonçalves Pereira, líder da distrital de Lisboa, atual vereador e agora excluído desta corrida, deviam ter merecido mais “respeito” por parte da direção do partido. A exclusão dos dois é, para o eurodeputado, um sinal inequívoco de que a atual direção está mais preocupada em fazer purgas internas do que em unir o partido.
Para Melo, toda a estratégia foi errada. Na sua intervenção, o eurodeputado recordou que o CDS trocou quatro vereadores por apenas dois, foi incapaz de convencer Assunção Cristas a assumir nova candidatura — Melo chegou mesmo a dizer que a atual direção maltratou a anterior presidente do partido — e afastou Gonçalves Pereira, “um dos principais artífices da vitória de há quatro anos”.
“Foi deitado borda fora, substituído pelo Filipe Anacoreta Correia que no que tem que ver com Lisboa e nesta matéria obviamente não se lhe compara”, criticou Melo.
A exclusão de Gonçalves Pereira é, assumidamente, uma escolha da própria direção. Tal como já tinha antecipado Rodrigues dos Santos, a escolha explica-se facilmente: era preciso renovar as listas e as escolhas do partido; e só fazia sentido escolher alguém que se revisse na estratégia do CDS e de Carlos Moedas para a corrida à capital.
Para a direção do partido, Gonçalves Pereira não se revia nessa estratégia — foi lembrando na reunião do partido que o democrata-cristão chegou mesmo a defender que o CDS devia liderar a coligação, apostar em Assunção Cristas ou ir a votos sozinho — e, como tal, não devia ter lugar como número dois de Moedas. O assunto estava e está arrumado.