O Porto Canal informou esta quarta-feira que vai fazer uma participação contra Pedro Adão e Silva ao Presidente da Assembleia da República, à Comissão Nacional para as Comemorações do 50.º aniversário do 25 de Abril e ao Sindicato dos Jornalistas, por alegadas “palavras insultuosas”. Ao Observador, Pedro Adão e Silva, que foi candidato a vice-presidente do Benfica pela lista de João Noronha Lopes em 2020, recusa fazer comentários.

De acordo com a direção de informação do canal de televisão, a participação “decorre de palavras proferidas”, após um contacto de uma jornalista, na terça-feira, para obter uma reação oficial da Comissão para as Comemorações do 50.º aniversario do 25 de Abril, presidida por Adão e Silva, à morte de Otelo Saraiva de Carvalho.

“Na sequência desse contacto, Pedro Adão e Silva proferiu palavras insultuosas, referindo-se ao Porto Canal como ‘essa coisa’, e ofensivas para a dignidade profissional da jornalista em causa, quando afirmou que esta não era uma jornalista por trabalhar para o Porto Canal”, adianta o órgão de comunicação social, em comunicado. A direção de informação, liderada por Tiago Girão, indica também que “o comissário recusou prestar declarações especificamente ao Porto Canal e em qualquer circunstância”.

Considerando ser um “atentado à liberdade de imprensa”, o Porto Canal acrescenta que a atitude de Pedro Adão e Silva viola “o princípio da igualdade e não-discriminação a que dirigentes e titulares de cargos públicos, ou semelhantes, deveriam estar obrigados”, agravado, lembra, “pelo facto de ter tido origem em alguém que tem por missão promover as comemorações do Dia da Liberdade”. No comunicado, a direção de informação do Porto Canal salienta ainda que “não exclui o recurso a outros meios legais, se tal se vier a justificar.

PUB • CONTINUE A LER A SEGUIR

O editorial que analisa a nomeação de Adão e Silva “cartilheiro”

Contactado pelo Observador, Tiago Girão, diretor de informação do Porto Canal, defende que a resposta e a postura que o canal diz ter sido demonstrado por Pedro Adão e Silva é “algo altamente insultuoso, quer para quem trabalha no Porto Canal, quer para o próprio Porto Canal”.

Pedro Girão afirma que a participação contra o socialista poderá ter o efeito de levar “quem o nomeou a refletir sobre se faz sentido ter à frente das comemorações do 25 de Abril alguém que tenha tido uma atitude que, no nosso entender, é uma atitude absolutamente antidemocrática, contra a liberdade de expressão e de imprensa”. “Não me aprece que seja algo condizente com o cargo que ocupa“, concluiu. Ao Observador, Pedro Adão e Silva recusou tecer comentários.

A 7 de junho, no segmento Jornal Editorial, apresentado por Tiago Girão, o jornalista analisa a escolha de Pedro Adão e Silva para comissário executivo das comemorações dos 50 anos do 25 de Abril. Tiago Girão recupera o percurso do ex-dirigente socialista no espetro público e político, apelidando Adão e Silva de “comentador de regime”. Um outro oráculo apelida-o de “cartilheiro”, uma associação que Tiago Girão explica ter a ver com o facto de o ex-dirigente do PS ter estado associado à “famosa cartilha do Benfica”, um “boletim informativo que o clube fazia circular” pelos comentadores “com informação oficial mas também ataques aos rivais”. Tiago Girão termina o editorial a questionar: “É possível não ver esta nomeação com uma forma e o governo premiar a obediência e o serviço prestado por um comentador que lhe é fiel?”

Pedro Adão e Silva fez parte da lista de João Noronha Lopes, adversário de Luís Filipe Vieira, nas últimas eleições do clube, no ano passado. O ex-socialista tem criticado a atual situação das águias e, à Antena 1, recusou voltar a ser candidato neste momento, acrescentando que o clube precisa de uma mudança de direção para “virar a página”.