Desde 2013 nas novas instalações em Matosinhos, a Porto Business School assume-se como uma escola sustentável. “Todo o edifício foi desenhado a pensar nisso, temos um consumo de energia muito baixo, não utilizamos papel, aproveitamos a água da chuva para saneamento e temos carregadores elétricos para veículos”, explica ao Observador o diretor executivo Gonçalo Guerra.

O telhado do número 425 da Avenida Fabril do Norte estava inutilizado, sendo apenas povoado por gaivotas, e um colaborador que tinha terminado um programa de gestão e sustentabilidade teve a ideia de ali instalar uma horta urbana para rentabilizar o espaço.

“Fiquei sensível a esta questão e decidimos avançar”, conta Gonçalo Guerra, responsável pelo projeto implementado em abril, que tem como objetivo introduzir a preocupação pela sustentabilidade à comunidade escolar. “Com esta iniciativa, esperamos quebrar o modelo de ensino mais tradicional, fomentando o espírito de equipa e que as pessoas possam levar esta ligação com a natureza para suas casas”, acrescenta a vice-diretora Patrícia Teixeira Lopes.

Alunos, professores e funcionários podem e devem cuidar daquela que é considerada a “maior horta urbana do país”

Para que a “maior horta urbana do país” ganhasse forma era necessário pedir ajuda a quem entendesse realmente da matéria. Foi assim que a Porto Business School se juntou à Noocity, uma startup portuense, fundada em 2013, que procura aproximar o campo das cidades através da agricultura.

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“Desenvolvemos camas de cultivo de três dimensões, a que chamamos growbed, com um sistema de sub-irrigação inteligente integrado que oferece uma certa autonomia às pessoas. A principal causa de insucesso das hortas é a obrigatoriedade diária da rega, quando vamos de férias, chegamos tarde do trabalho ou nos esquecemos de regar, a horta não sobrevive”, começa por explicar José Ruivo CEO da empresa.

A Noocity criou um sistema de rega no fundo das camas de cultivo onde basta abastecer os tubos de alimentação duas vezes por mês. O depósito vai libertando a quantidade de água consoante a necessidade do que é plantado, por outro lado, este novo método permite poupar água, uma vez que a evaporação não existe e se chover toda a água que cai é armazenada num reservatório para mais tarde ser utilizada.

É no telhado do edifício que duas a três toneladas de alimentos vão poder ser colhidos num ano

72 camas de cultivo e três toneladas de alimentos colhidos por ano

Numa área cimentada com 114 metros quadrados foram instaladas 72 camas de cultivo de três tamanhos, recheadas com uma mistura de fibra de coco e vários nutrientes, onde agora nascem alfaces, tomates, coentros, beringelas ou curgetes.

“No planeamento da horta tentamos criar associações de plantas que afastam pragas, promovem a polonização ou fortalecem as raízes, de forma a que o processo de crescimento não fosse prejudicado, mas sim beneficiado. No caso do tomateiro e do manjericão foi fácil, porque os dois ingredientes no prato ficam bem”, sublinha José Ruivo CEO da Noocity.

Em cada growbed foram instalados compostores, pequenos recipientes com restos orgânicos, raízes e folhas secas, e graças às minhocas o processo de compostagem é feito naturalmente. “Elas criar canais de arejamento debaixo do solo, levam o composto e espalham para fertilizar a própria cama de cultivo, fazendo com que as plantas fiquem mais saudáveis.”

Há flores plantadas que potenciam o crescimento de legumes, frutas e vegetais

Estima-se que que num ano sejam poupados 900 litros de água e se produzam duas a três toneladas de alimentos. Para já, frutas, legumes e vegetais são semanalmente fornecidos ao restaurante e cafetaria da escola e em breve serão distribuídos em cabazes a algumas instituições de solidariedade do Porto e Matosinhos. A ideia é que alunos, professores e funcionários se unam na gestão desta horta, para isso há um calendário de workshops, em parceria com a Lipor, onde é possível aprender sobre compostagem, métodos de cultivo e produtos da época.

“Todos os talhados podem ser aproveitados e há ainda muitos a descobrir. Se subirmos a um prédio alto, vemos que a maior parte das coberturas não têm qualquer utilidade”, recorda José Ruivo, acreditando que construir uma horta comunitária é uma oportunidade de conviver com vizinhos, estabelecer relações e ajudar o meio ambiente.