Sem conseguir vislumbrar datas para a saída de António Costa, o líder da oposição tem uma certeza: “O PS parte-se todo se ele sair”. Por isso, na decisão de saída para algum cargo europeu António Costa terá que pesar também “constrangimentos do seu próprio partido”, nota Rui Rio numa entrevista ao Expresso onde afirma também que continua a “achar que existe uma possibilidade assinalável” de que a legislatura não chegue ao fim. “Depende da negociação deste Orçamento do Estado. Se passar, depois teremos um outro a um ano de eleições”, frisou.

O primeiro-ministro que apresentou na quinta-feira o plano para a “libertação” e deixou em aberto que a meta para a libertação total  — planeada para outubro — possa acontecer antes. Rio estava atento e avisa: “O primeiro-ministro já veio dizer que em setembro vai abrir tudo, mas ele não sabe se pode abrir tudo, o que sabe é que há eleições em setembro. Se abrir uma semana ou duas antes é eleitoralista“.

Com críticas à forma como o Governo geriu a questão do futebol ao longo da pandemia, que considera ter sido “desastrosa”, Rio desvalorizou uma vez mais sondagens que diz serem mal feitas e continua confiante que poderá chegar a primeiro-ministro, mesmo que tenha como opositor António Costa.

Às críticas de Marcelo sobre a falta de oposição, Rio diz que as diferenças se “vão marcando paulatinamente no tempo, quando há eleições e a seis meses de eleições” quando considera que tem “obrigação de evidenciar mais essas diferenças”. “Ser oposição, para mim, é colaborar na construção do país numa ótica diferente e com alguma flexibilidade”, responde Rio a Marcelo rejeitando que “uma boa oposição é estar os quatro anos a dizer mal de tudo”.

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“Eu sou diferente de quem está no Governo e não abdico dessas diferenças, mas no dia a dia vou ter disponibilidade para ajudar o país. À medida que nos aproximamos de um ato eleitoral, tenho de endurecer e marcar as diferenças para as pessoas perceberem porque é melhor votarem em mim”, apontou o líder da oposição.

Com o teste das autárquicas marcado para final de setembro, Rio critica a opção do Governo por essa data e diz que não consegue “concordar com o facto de não terem adiado as eleições”. “O PS sabia perfeitamente que se adiássemos as eleições um mês ou dois poderíamos fazer campanha à vontade. Mas como o PS tem 161 presidentes de câmara e nós 98 dá jeito não ter uma campanha eleitoral decente”, atira Rio.

Apontando as falhas à gestão feita pelo Governo no âmbito futebolístico, Rio endurece o tom com o ministro da Administração Interna Eduardo Cabrita, mas diz que uma comissão de inquérito à atuação do ministro seria correr o risco de “vulgarizar as comissões de inquérito”. Para a recuperação do setor da restauração, um dos que foi mais afetado pelas sucessivas restrições aplicadas desde 2020, Rio afirma ainda que não tem qualquer dúvida de que se fosse governo neste momento “reduzia o IVA para 6% durante os próximos dois anos”.