O candidato do Livre à Câmara do Porto, Diamantino Raposinho, acusou este sábado Rui Moreira e Rui Rio de seguirem políticas de cariz neoliberal com “proximidade ao mundo dos negócios imobiliários” levando à perda de população na cidade.

“Quão diferente e melhor o Porto poderia ser se se libertasse das políticas seguidas nas últimas duas décadas. As políticas de cariz neoliberal (…), que dominaram a governação da cidade nestas décadas, tanto no anterior executivo municipal, como no atual, com a sua proximidade ao mundo dos negócios imobiliários, tem deixado um lastro de gente esquecida, bem patente na grande perda de população da cidade”, declarou Diamantino Raposinho, durante a apresentação da sua candidatura à Câmara do Porto para as próximas eleições autárquicas.

O candidato do Livre recordou, durante a conferência de imprensa, que se realizou no Miradouro da Rua das Aldas, junto à Sé do Porto, que a freguesia do centro histórico do Porto perdeu “entre 2011 e 2021 mais de três mil habitantes”.

“O próprio concelho do Porto perdeu mais de 30 mil habitantes nos últimos 20 anos, uma redução de cerca 12% da sua população, ao mesmo tempo que a área metropolitana ganhou população”, acrescentou o candidato à Câmara do Porto.

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Diamantino Raposinho, que está a desenvolver uma tese de doutoramento enquanto bolseiro de investigação em Ciência Política na área das Políticas Públicas de Gestão de Património Cultural em Cidades Património Mundial, declarou que não se pode deixar que o centro do Porto “se esvazie de gente e de vida”.

“Esta dinâmica de perda de população, com consequente envelhecimento populacional, está intimamente ligada ao aumento brutal das desigualdades a que temos assistido na cidade”, defendeu, referindo que o preço do imobiliário, quer para compra, quer para arrendamento, não está a permitir que a grande maioria das famílias possam viver no Porto e que tal é ainda mais visível junto das famílias mais jovens.

As linhas programáticas que Diamantino Raposinho apresentou este sábado para os próximos quatro anos assentam em quatro “grandes prioridades” que são a “descarbonização”, feita através de um grande plano para a transição ecológica na próxima década, o “combate às desigualdades” com políticas públicas ativas, nomeadamente da implementação de um projeto piloto de rendimento básico incondicional, o “acesso à habitação para todos”, dobrando a oferta de habitação pública nos próximos quatro anos.

Como quarta “grande prioridade” para a cidade do Porto, Diamantino Raposinho defende uma “aposta efetiva” na “democracia participativa”, reforçando os meios digitais para participação e usando “métodos inovadores”, como por exemplo, a convocação de uma assembleia de cidadãos para debater e deliberar sobre o plano de transição ecológica da cidade.

Diamantino Raposinho foi candidato do Livre nas eleições europeias em 2019 e tornou-se membro do Livre em 2020, tendo participado na construção das linhas programáticas do partido para as próximas eleições autárquicas, marcadas para o próximo dia 26 de setembro.

Daniel Gonçalves, o candidato do Livre à Assembleia Municipal do Porto nas próximas autárquicas, disse, por seu turno, na conferência de imprensa deste sábado, que os objetivos programáticos do partido para a cidade passam por “devolver a comunidade à sociedade”, proporcionando “verdadeiras condições de habitabilidade para os e as portuenses, de forma a que os jovens possam abrir as asas para o seu futuro”, conquistando a sua plena autonomia e para que os idosos possam gozar tranquilamente o fruto do seu trabalho, sem serem “vítimas de pressões sistemáticas e ameaças de despejo”.

O combate à pobreza, resolução dos problemas das pessoas em situação de sem-abrigo, o fomento e aumento de espaços verdes na cidade, mais espaços de recriação e de prática desportiva e uma maior justiça ambiental são outros objetivos programáticos anunciados pelo candidato do Livre à Assembleia Municipal do Porto (AMP).

“A nossa cidade tem de ser verdadeiramente acessível a todos e a todas. A segurança rodoviária tem, e deve ser, uma prioridade”, acrescentou Daniel Gonçalves, referindo que existem no Porto “demasiados locais”, onde o simples ato de passar uma passadeira é tão “arriscado como um jogo de roleta russa”.

Para o candidato à AMP, a cidade do Porto deve também ser “inclusiva”, onde a “bandeira das seis cores possa ter espaço nos Paços do Concelho” e onde a “democracia não se torna um simulacro sufragado a cada quatro anos”.

“Que se devolva a voz aos portuenses e às portuenses, nomeadamente, através da valorização das assembleias de freguesia e da Assembleia Municipal.

Sobre as atuais circunstâncias políticas em Portugal declarou “não ao caminho do extremismo”.

“Estamos dispostos a trabalhar com todos e com todas as forças políticas que aceitem as regras do jogo democrático, no repúdio das forças obscuras dos novos fascismos e de uma cultura de ódio, ignorância e de medo”, declarou o candidato Daniel Gonçalves, recordando que a cidade do Porto resistiu, ainda no século XX, quando se viu “cercada e bombardeada covardemente em fevereiro de 1927 pelas forças da ditadura militar”, tendo saído em peso à rua, apoiando a candidatura do General Humberto Delgado.

À Câmara do Porto são conhecidas até ao momento as candidaturas de Ilda Figueiredo (CDU), Bebiana Cunha (PAN), Sérgio Aires (BE), Vladimiro Feliz (PSD), Tiago Barbosa Ribeiro (PS), Diogo Araújo Dantas (PPM), André Eira (Volt Portugal), António Fonseca (Chega), Bruno Rebelo (Ergue-te), Diamantino Raposinho (Livre) e a recandidatura do independente Rui Moreira.

Em 2019, o município do Porto contava com 216.606 habitantes.