O relatório final da investigação ao descarrilamento do comboio Alfa Pendular, em Soure, no distrito de Coimbra, vai ser divulgado em meados de setembro, após audiência das entidades, informou o organismo que investiga acidentes ferroviários.

“Após a receção dos eventuais comentários das entidades envolvidas, será produzido o relatório final, prevendo o GPIAAF [Gabinete de Prevenção e Investigação de Acidentes com Aeronaves e de Acidentes Ferroviários] a sua publicação em meados do próximo mês de setembro“, refere o organismo numa nota publicada sexta-feira no seu ‘site’ na Internet.

A informação é adiantada na véspera do acidente, que provocou dois mortos e 44 feridos, completar um ano.

“Decorrendo um ano sobre a ocorrência do acidente que consistiu na colisão de um comboio Alfa Pendular com um veículo de manutenção, na estação de Soure, (…) informa-se que o relatório da investigação foi remetido para a audição das partes”, indica o GPIAAF.

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Em janeiro, o Gabinete de Prevenção e Investigação de Acidentes com Aeronaves e de Acidentes Ferroviários esperava concluir até julho a investigação.

Em resposta enviada à agência Lusa, na ocasião, o GPIAAF dizia que tencionava “publicar o relatório final da investigação no prazo de até um ano após o acidente [31 de julho de 2020], conforme as práticas recomendadas internacionalmente”.

Investigação ao acidente com Alfa Pendular em Soure concluída até julho

O descarrilamento do comboio Alfa Pendular, com 212 passageiros a bordo, provocou, em 31 de julho de 2020, dois mortos (os trabalhadores que seguiam no veículo de conservação de catenária – VCC) e 44 feridos, oito dos quais graves.

O comboio seguia no sentido sul-norte com destino a Braga e o descarrilamento deu-se após o Alfa Pendular abalroar um VCC, que entrara na via, segundos antes, junto à localidade de Matas.

Na resposta enviada à Lusa, o GPIAAF acrescentava que a investigação envolvia “diversos fluxos paralelos”.

O GPIAAF dizia que tinha procedido também “à recolha de informação em diversos países estrangeiros quanto às práticas utilizadas no controlo do risco na circulação de veículos de manutenção em via aberta à exploração”.

Esta entidade pública recordava que, de acordo com informação recebida do Instituto de Mobilidade Terrestre (IMT), enquanto autoridade nacional de segurança ferroviária, “as entidades responsáveis, [nomeadamente a Infraestruturas de Portugal – IP], em cumprimento das respetivas obrigações, tomaram nos dias seguintes ao acidente diversas medidas cautelares por forma a eliminar a repetição das circunstâncias em que o acidente ocorreu”.

No documento, este organismo revelou que o veículo de conservação de catenária (VCC), no qual seguiam duas pessoas, passou um sinal vermelho e entrou na Linha do Norte, tendo sido abalroado pelo comboio Alfa Pendular.

O GPIAAF acrescentou que o VCC “do gestor da infraestrutura [IP] tinha marcha estabelecida para a sua deslocação entre o Entroncamento e Mangualde”, era tripulado por dois trabalhadores (as duas vítimas mortais) e “não iria realizar quaisquer trabalhos no decurso da sua viagem”.

Também o Ministério Público anunciou, poucos dias após o descarrilamento, que iria investigar o acidente.