A secretária de Estado da Administração Interna disse esta sexta-feira ser “fundamental começar a profissionalização dos corpos de bombeiros”, mantendo a “génese do voluntariado“, para “fazer evoluir o sistema” de proteção civil num “mundo cada vez mais difícil” de defender.

“Nós temos um mundo cada vez mais difícil em termos de riscos e vulnerabilidades e temos de fazer evoluir o sistema de socorro e o sistema de bombeiros que temos no país, mantendo a génese do voluntariado e solidariedade que é tão importante e nos distingue”, afirmou à Lusa Patrícia Gaspar, tendo defendido ser fundamental “começar a profissionalização dos corpos de bombeiros” para “conseguir dar contornos diferentes ao sistema”.

A governante falou à Lusa em Mação (Santarém), à margem da cerimónia de assinatura dos protocolos para a constituição de 122 Equipas de Intervenção Permanente (EIP), compostas por 610 bombeiros profissionais, nas corporações de bombeiros de 95 municípios, tendo apontado “quatro vetores fundamentais” neste processo de transformação do sistema.

Cuidar dos nossos espaços, valorizar o espaço florestal, reaprender a gerir o risco, e aprender a modificar comportamentos“, sintetizou.

Criadas em 2001, as EIP são constituídas por cinco elementos cada, que estão em permanência nos quartéis de bombeiros para ocorrer a qualquer situação de urgência e emergência registada no concelho, sendo formadas por bombeiros profissionais com competências em valências diferenciadas para atuarem em diferentes cenários.

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Estão atualmente a funcionar 359 EIP, envolvendo um total de 1.807 operacionais, tendo José Manuel Duarte da Costa, presidente da Autoridade Nacional de Emergência e Proteção Civil (ANEPC), perspetivado à Lusa que, “até ao final do ano”, estejam operacionais 500 equipas envolvendo 2500 bombeiros profissionais.

Para aquele responsável, as EIP, além de ajudarem a criar “um sistema mais credível, mais resiliente e mais robusto”, permitem também “uma abertura de futuro no caminho da profissionalização dos bombeiros voluntários”, que classificou como a “espinha dorsal” do sistema de proteção civil.

Com a criação das novas 122 EIP eleva-se para 528 o total de equipas já protocoladas, o que corresponde a um “crescimento para mais do triplo desde 2016”, quando existiam 169, salientou Patrícia Gaspar.

“Esta é uma via importantíssima que responde não só a esse desafio [de evolução do sistema e profissionalização] como do cuidar do interior do nosso país, ganhar ferramentas para conseguir fixar pessoas”, e “atrair jovens”, constituindo-se como um “processo integrado, que tem raízes não só neste sistema, mas que vai acabar por contribuir para outros processos que estão em curso e que são fundamentais para o nosso país”, vincou a governante.

Instado a comentar as mais valias dos protocolos assinados esta sexta-feira, em que Mação passa a ter duas EPI, o presidente da Câmara Municipal secundou as palavras de Patrícia Gaspar, tendo afirmado que o processo tem “várias virtudes” agregadas.

“Desde logo no proteger de pessoas e bens e garantir aos cidadãos que têm um sistema de proteção civil capaz de responder às suas necessidades, conjugando um outro fator importante que é a perspetiva de futuro para alguns jovens e fixação de pessoas“, disse Vasco Estrela, tendo ainda defendido “a gestão da paisagem e a reforma estrutural da floresta para que a questão do combate não seja tão discutida”.

A secretária de Estado da Administração Interna, que apelou à “autossegurança” dos bombeiros, disse ainda que o dispositivo de combate a incêndios “é o maior de sempre” e que “está em plena força, dando conta de uma “redução de 50% da área ardida face aos últimos dois”, e “menos 43% de incêndios, uma “realidade simpática” e positiva, concluiu.