O futuro do transporte de carga também passa pelos veículos eléctricos, mas com recurso a uma solução do passado. Em vez de confiarem apenas em baterias, os veículos pesados são equipados com pantógrafos capazes de se alimentar directamente de cabos de energia superiores através de uma solução que os portugueses estão habituados a ver nos eléctricos que circulam no Porto desde 1895 e, em Lisboa, seis anos mais tarde.

Os camiões pesados articulados, vulgarmente denominados tractor com semi-reboque, têm uma generosa capacidade para o transporte de carga, mas percorrem habitualmente grandes distâncias, para o que contam com autonomias entre 800 e 1000 km. Ora, no caso de camiões eléctricos de longo curso, há na indústria quem estime que será necessário transportar cerca de 10 toneladas de baterias – resta saber se estes valores se confirmam quando surgirem os primeiros exemplares deste tipo de veículos –, cujo custo é enorme, com a consequência extra de retirarem capacidade para a deslocação de carga.

Uma das soluções encontradas, e que é defendida pelos alemães da Continental e da Siemens, passa por recuperar uma solução tecnológica com mais de 100 anos, alimentando os motores eléctricos com energia retirada de linhas de corrente superiores através de pantógrafos. Para que tal seja possível, é preciso construir as auto-estradas eléctricas, ou as eHighways, que têm cabos eléctricos passados sobre a faixa mais à direita, destinados aos pesados com pantógrafos, mas que não impedem a sua utilização por outro tipo de veículos.

A Continental Engineering Services e a Siemens Mobility, em coordenação com o Ministério Federal dos Transportes alemão, instalaram já em três auto-estradas germânicas cabos superiores para alimentação de energia, capazes até de recarregar as baterias enquanto os veículos pesados circulam. Isto permite reduzir grandemente a capacidade das baterias transportadas, bem como o seu peso e custo, uma vez que o grosso do consumo dos veículos pesados de transporte de carga é realizado em auto-estrada.

O Ministério dos Transportes alemão estima que apenas seja necessário electrificar 4000 km dos 13.000 km que compõem a rede rodoviária alemã utilizada pela maioria dos veículos pesados, uma vez que 2/3 dos camiões utilizam apenas este 1/3 da rede de auto-estradas. A eficácia do sistema já é conhecida, sendo que as três zonas das vias rápidas locais em que o sistema está a ser testado visam criar um standard para o pantógrafo, pois deverá ser homologado um sistema único para ser adaptado a todo o tipo de veículos. O pantógrafo será ainda concebido de forma a ser recolhido automaticamente sempre que o condutor decide ultrapassar, voltando a ser armado assim que o camião regressa à via electrificada.

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