O Governo da Lituânia deu ordens à guarda fronteiriça para expulsar, com recurso à força caso necessário, todos os migrantes procedentes da “vizinha” Bielorrússia que tentem entrar de forma irregular no território lituano, foi esta terça-feira divulgado.

O Ministério do Interior lituano divulgou esta terça-feira imagens filmadas a partir de um helicóptero que mostram, segundo assegurou o executivo de Vilnius, grandes grupos de migrantes a serem escoltados até à fronteira da Lituânia, Estado-membro da União Europeia (UE), por veículos da guarda fronteiriça bielorrussa.

A Lituânia afirma que o crescente fluxo migratório verificado ao longo das últimas semanas junto da sua fronteira é um ato de retaliação por parte do contestado Presidente bielorrusso, Alexander Lukashenko, face às sanções impostas pelo bloco comunitário ao regime de Minsk.

O Ministério do Interior indicou que a guarda fronteiriça da Lituânia intercetou pelo menos três grandes grupos de migrantes nas densas áreas florestais que existem na fronteira entre os dois países, tendo ordenado aos grupos que regressassem para o território bielorrusso.

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“Em primeiro lugar, os guardas (na fronteira lituana) dizem-lhes (aos migrantes) que estão perdidos. Que chegaram ao belo país da Bielorrússia e que se enganaram no caminho enquanto estavam a desfrutar da sua natureza, mas que agora devem continuar o passeio turístico e regressar de volta para o país”, afirmou o vice-ministro do Interior lituano, Arnoldas Abramavicius, em declarações à comunicação social.

Caso esta abordagem se revele infrutífera, Arnoldas Abramavicius avançou que a Lituânia se reserva ao direito de usar a força para manter os migrantes afastados.

No entanto, segundo frisou o representante, “o uso da força vai depender das circunstâncias”, acrescentando que tais medidas são necessárias, uma vez que cruzar a fronteira de um Estado desta forma é uma ação ilegal.

“A Lituânia não pode aceitar que este fluxo cresça de dia para dia”, concluiu o vice-ministro do Interior.

As relações entre os dois países “vizinhos” estão tensas desde as eleições de 09 de agosto de 2020 na Bielorrússia, que reconduziram Lukashenko, no poder há quase 27 anos, para um sexto mandato.

O escrutínio foi considerado fraudulento pela oposição bielorrussa e pelo Ocidente.

Desde então, a Lituânia tem apoiado e concedido refúgio a figuras do movimento opositor bielorrusso, incluindo à líder da oposição, Svetlana Tikhanovskaia.

Cerca de 4.026 migrantes, a maioria deles oriundos do Iraque, atravessaram este ano a fronteira entre a Bielorrússia e a Lituânia, país que também faz parte da NATO e que conta com uma população na ordem dos três milhões de pessoas.

As autoridades da Lituânia anteveem que mais de 10 mil migrantes poderão tentar chegar ao país báltico ao longo deste ano.

Na segunda-feira, as autoridades da UE prometeram milhões de euros para ajudar a Lituânia a enfrentar a atual crise migratória.