Uma comitiva pequena e alguns aplausos tímidos receberam Fernando Pimenta, medalha de bronze em K1 1.000 metros nestes Jogos Olímpicos de Tóquio, no Aeroporto Humberto Delgado (Lisboa), na manhã desta quarta-feira. Mas não se pense que não há receção acalorada: a festa rija está marcada para a chegada do canoísta português ao Porto, onde família e amigos do atleta de Ponto de Lima estarão à espera dele.

“É com eles que quero estar e [são eles quem quero] abraçar, principalmente a minha filha”, disse o atleta, de medalha ao peito, nas primeiras declarações aos jornalistas. Foi sobretudo sobre ela que Fernando Pimenta falou na pequena conferência de imprensa organizada pelo Comité Olímpico português. “A medalha da minha vida já a tinha recebido, foi a minha filha”, disse o canoísta.

Foi por ela que decidiu subir ao pódio de chupeta, numa espécie de homenagem. “Não queria fazer só mais uma subida ao pódio, queria uma subida diferente”, explicou. “São momentos que vão ficar na História.” Pimenta sublinhou que espera que esta medalha sirva de inspiração para ela e para outros mais jovens, “para que encontrem o seu caminho e possam trabalhar para alcançar os seus objetivos”: “Provavelmente ela vai orgulhar-se muito quando chegar à escola e falar de mim.”

Sobre a medalha em Tóquio, o canoísta reconheceu que ainda não teve tempo para processar bem a vitória. Entre o controlo de doping, arrumar as coisas e apanhar o voo para sair de Tóquio, tudo foi a correr. “Ainda não estou a sentir o peso da medalha”, explicou, quando confrontado com o facto de se ter tornado apenas o quinto atleta nacional a conquistar duas medalhas em Jogos Olímpicos diferentes (Londres2012 e Tóquio2020).

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O canoísta de Ponte de Lima, atleta do Benfica, pediu ainda aos media para que não olhassem às rivalidades dos clubes e que encarassem antes as vitórias “como portugueses”. “Não devemos fazer chacota dos atletas dos outros países”, acrescentou ainda, antes de pedir mais apoio ao desporto nacional.

Fernando Pimenta aproveitou ainda o momento para refletir sobre o facto de ter falhado as medalhas nos Jogos do Rio de Janeiro (2016), o que deu um sabor especial à conquista agora em Tóquio: “É claro que fiquei feliz por esta medalha, andava a trabalhar para isso há muito tempo. No Rio de Janeiro escapou-se, por motivos alheios a mim”, resumiu, dizendo contudo que ainda quer mais. O momento, disse, ajudou-o: “Tornou-me num atleta mais frio, com mais calma, que pensa passo a passo.

Mas isso são águas passadas, disse, sublinhando que o seu objetivo é o de focar-se no futuro e “ganhar mais”.“O meu combustível é nunca estar satisfeito”, resumiu o atleta de 31 anos. E o próximo objetivo já está traçado: “Trabalhar para o campeonato do mundo.” Só depois, diz, virá o descanso.