O porta-voz do exército do Ruanda, Ronald Rwivanga, fezesta quinta-feira um balanço positivo da presença das tropas ruandesas na província moçambicana de Cabo Delgado, estimando que estas tenham já provocado pelo menos 70 baixas entre os insurgentes.

“As nossas forças estão a avançar para Mocímboa da Praia (…) e a desenvolver sucessos no caminho. Estão a aproximar-se da cidade e até agora tudo parece estar a decorrer como planeado“, disse o responsável à Lusa, por telefone.

Questionado sobre um balanço das forças ruandesas, Rwivanga estimou em 70 o número de baixas provocadas junto dos insurgentes, apontando que este pode ser mais alto.

“Quando falamos de números, estes são aqueles que vemos fisicamente. Os relatos que nos chegam dizem que os insurgentes levam os seus combatentes que foram mortos em combate, por isso a possibilidade é que o número seja muito mais alto que o que vimos”, explicou, acrescentando que “até os 70 podem não ser precisos”.

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“Os números que projetamos e o equipamento que confiscamos é o que principalmente vemos com os nossos olhos, por isso é possível que muito mais tenha acontecido que nós não tenhamos visto”, referiu, também.

Rwivanga assinalou que as tropas ruandesas têm enfrentado maioritariamente “pequenos grupos” que “estão em todo o lado”.

Sobre o equipamento que estes grupos usam, Rwivanga apontou que recorrem a “granadas por foguetes, metralhadoras e armas antiaéreas” e se deslocam em motos, movimentando-se com facilidade.

Segundo a mesma fonte, as tropas ruandesas têm confiscado estes equipamentos após os confrontos com grupos insurgentes.

Em Cabo Delgado, já se encontra um contingente de mil militares e polícias do Ruanda para a luta contra os grupos armados, no quadro de um acordo bilateral entre o Governo moçambicano e as autoridades de Kigali.

Na semana passada, a consultora NKC African Economics considerou que a presença de tropas do Ruanda na província moçambicana de Cabo Delgado “parece ter contribuído positivamente para a luta até agora“.

“Contactar o Ruanda para obter assistência antes [de o fazer junto] dos seus parceiros regionais foi um passo curioso, mas a presença do Exército ruandês na província parece ter contribuído positivamente para a luta até agora”, escreveram os analistas numa nota consultada pela Lusa.

Além do Ruanda, Moçambique tem agora apoio da Comunidade de Desenvolvimento da África Austral (SADC), num mandato de uma “força conjunta em estado de alerta” aprovado em 23 de junho, numa cimeira extraordinária da organização em Maputo que debateu a violência armada naquela província, havendo militares de alguns países-membros já no terreno.

Não é publicamente conhecido o número total de militares que a organização vai enviar a Moçambique, mas peritos da SADC, que estiveram em Cabo Delgado, já tinham avançado em abril que a missão deve ser composta por cerca de três mil soldados.

Grupos armados aterrorizam a província de Cabo Delgado desde 2017, sendo alguns ataques reclamados pelo grupo extremista Estado Islâmico.

Na sequência dos ataques, há mais de 3.100 mortes, segundo o projeto de registo de conflitos ACLED, e mais de 817 mil deslocados, segundo as autoridades moçambicanas.