A cerimónia decorre sempre da mesma maneira: cada atleta que chega ao pódio recebe a medalha de uma bandeja, coloca-a no próprio pescoço devido às regras associadas à pandemia de Covid-19 e agarra ainda num colorido ramo de flores acompanhado por um peluche da Miraitowa, a mascote oficial dos Jogos Olímpicos de Tóquio. E a verdade é esse ramo de flores, ao contrário do que poderia parecer, tem um significado bastante simbólico.

Segundo as contas oficiais da organização, vão ser entregues mais de cinco mil ramos de flores entre os Jogos Olímpicos e Paralímpicos. Ora, as três principais flores que compõem o ramo foram cultivadas nos três distritos no norte do Japão que em 2011 foram devastados por um terramoto, um tsunami e um consequente acidente nuclear da central de Fukushima. Quase 20 mil pessoas morreram depois da tripla catástrofe que afetou as regiões de Iwate, Fukushima e Miyagi e o ramo de flores que os medalhados recebem nos Jogos foi a maneira que o Japão encontrou para recordar e honrar as vítimas.

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Os girassóis, bem amarelos, foram cultivados em Miyagi e plantados por pais cujos filhos morreram na tragédia de há 10 anos — a maioria, aliás, cresceu numa ladeira onde estes filhos tentaram refugiar-se da força do tsunami. Em Fukushima, cultivaram-se as flores brancas que aparecem nos ramos, como parte de uma iniciativa sem fins lucrativos criada com o objetivo de reativar a economia local. Por fim, em Iwate, cresceram as flores azuis, uma cor que recorda a zona costeira da região que foi completamente destruída pelo tsunami.

Mas o ramo não fica por aqui. Entre o amarelo, o branco e o verde, surgem flores em tons de verde escuro. Foram plantadas em Tóquio e estão no ramo para que também a cidade anfitriã, a capital do Japão que recebe estes Jogos Olímpicos, possa estar representada em todos os pódios.

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