As organizações não-governamentais SOS Mediterranée e Sea Watch denunciaram esta quinta-feira a situação “insustentável” de 800 migrantes resgatados há dias no Mediterrâneo central e que ainda não puderam desembarcar, sobretudo devido ao calor.

As 800 pessoas encontram-se a bordo das embarcações das organizações não-governamentais que pedem para que os migrantes sejam desembarcados “em porto seguro”.

“Os 553 sobreviventes a bordo (do navio) Ocean Viking esperam há quatro dias em águas do Mediterrâneo central um porto de desembarque seguro mas não se vislumbra qualquer solução”, refere a SOS Mediterranée.

A ONG pede às autoridades marítimas a indicação urgente de um porto seguro e alertam os Estados europeus para que seja reativado um mecanismo de desembarque e relocalização nos países do sul para que seja coordenado o desembarque dos sobreviventes.

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Os 553 sobreviventes que permanecem a bordo, incluindo 119 menores, quatro mulheres grávidas e um bebé de três meses, sofrem de um calor sufocante que se sente no Ocean Viking e, por isso, precisam de desembarcar num porto seguro, tal como os 257 sobreviventes que estão atualmente a bordo do (navio) Sea Watch3″, referem as organizações não-governamentais no comunicado que foi divulgado esta quinta-feira.

Luisa Albera, coordenadora das operações de busca e resgate da SOS Mediteranée disse que muitos dos sobreviventes estavam “num estado de esgotamento extremo” quando foram resgatados pelas equipas do navio.

Muitas das pessoas resgatadas sofrem de dores físicas, queimaduras e enjoos e alguns sobreviventes desmaiaram devido ao calor que se faz sentir. “A situação piora de dia para dia“, disse Albera.

“O estado de saúde das pessoas a bordo está a deteriorar-se. Muitos estão desidratados e sofrem enjoos. Os nossos médicos estão a fazer o que conseguem mas as pessoas precisam de tratamento adequado. Exigimos um porto seguro para todos os nossos ‘hóspedes’ “, pede a ONG alemã Sea Watch.

A ministra do Interior do governo de Roma, Luciana Lamorgese, pediu na quarta-feira à União Europeia para ativar, “nem que seja de forma temporária”, um mecanismo que permita o acesso a um porto seguro a todos os migrantes resgatados no Mediterrâneo pelas organizações não-governamentais.

A ministra italiana pede também para que seja “relançado” o princípio de solidariedade no sentido da distribuição obrigatória das pessoas resgatadas.

Além das pessoas que se encontram a bordo dos navios das organizações não-governamentais, mais de duas mil pessoas chegaram nos últimos dias à ilha italiana de Lampedusa estando o centro de acolhimento completamente lotado.

De acordo com uma contagem divulgada na segunda-feira, desde o princípio do ano, chegaram a Itália 29.461 migrantes, um aumento em relação aos 14.406 em 2020 e aos 3.920 que aportaram em território italiano em 2019.