“Mutabilia” é a designação do espetáculo de circo contemporâneo, da companhia Teatro do Mar, que tem estreia nacional marcada para o Castelo de Sines (Setúbal), entre os dias 20 e 22 deste mês.

“É finalmente um regresso. Tivemos atrasos brutais com os ensaios, porque os espaços são cedidos pela autarquia e houve regras muito rigorosas da autoridade de saúde”, devido à pandemia de Covid-19, disse à agência Lusa a encenadora da companhia Teatro do Mar, Julieta Aurora Santos.

Ao mesmo tempo, o grupo teatral está de volta aos palcos estreando “pela primeira vez um espetáculo em agosto”, acrescentou.

A nova produção combina circo contemporâneo e teatro físico e resulta de três meses de “um intenso trabalho” com os intérpretes e de construção de “uma cenografia complexa” que parte de princípios relacionados com a instabilidade dos tempos atuais, indicou a encenadora.

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Mutabilia significa mutação ou qualquer coisa que está em permanente mudança e é isso o que se passa no mundo. Vivemos numa sociedade cada vez mais líquida, onde muito pouca coisa se estabelece. Daí, esta ideia de um trabalho que implicasse um olhar para dentro das coisas que estão em permanente mudança”, revelou.

O espetáculo, que se divide em três partes, “reflete sobre a nossa forma de estar em espaço público, em espaço privado e, depois, em espaço íntimo”, numa “estrutura” simbólica que “remete para uma ideia de casa”.

“Nunca a casa fez tanto sentido para todos nós como agora, depois destes largos períodos de confinamento”, frisou.

E, “estando em espaço privado tanto tempo, inevitavelmente, isto obrigou a um olhar para a nossa intimidade, aquilo que nós somos. Se calhar, um olhar mais virado para dentro desde a nossa própria casa”, reforçou Julieta Aurora Santos.

Foi com esta premissa que a encenadora desenvolveu um trabalho com artistas ligados ao circo e ao teatro físico, mas de uma forma “muito pouco convencional”, reconheceu.

“A cenografia não tem nenhum instrumento de circo convencional, mas obriga a que os intérpretes tenham essa capacidade e essa mestria”, disse, recordando que o Teatro do Mar desenvolve uma dramaturgia assente “no corpo, na visualidade” e numa “relação emocional com o espetador”.

A criação “envolve muito circo aéreo” e “é muito exigente, mas penso que as pessoas já conhecem a nossa linguagem e nos vão reconhecer neste trabalho”, concluiu.

Com conceito, direção e dramaturgia de Julieta Aurora Santos, “Mutabilia” tem como intérpretes Carlos Santos e Fábio Constantino, contando com banda sonora de Tiago Inuit e cenografia e design de Luís Santos.