Diga-se o que se disser, o jogo desta terça-feira é um óbvio do futebol alemão. Quer dizer, uma Supertaça entre Bayern Munique e Borussia Dortmund tem sido na última década, quase sempre, o jogo grande que começa a temporada alemã, apesar de já se ter iniciado a Bundesliga. Hoje, não foi exceção, se não veja-se: nos últimos dez anos, o Bayern foi a dez Supertaças e, no mesmo tempo, o Dortmund foi a oito.

E esperavam-se golos, por um dois motivos principais:

  • é preciso recuar a 2016 para encontrar um 0-0
  • o duelo entre Lewandowski e Halland

Neste segundo item temos um jovem, o norueguês Halland, vindo de uma época com 41 remates certeiros, e o veterano Lewandowski, considerado por muito como do que melhor existe nos avançados centros nos últimos anos. Não foi por nada que o polaco do Bayern foi eleito em 2020 o melhor jogador do mundo pela FIFA.

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E por falar em Halland, um fenómeno no que toca ao golo, jogava no início da Supertaça em dupla de ataque com um jovem alemão que tem vindo a ser falado há algum tempo e tem… 16 anos. Youssoufa Moukoko, o miúdo de quem falamos, tem cerca de 150 golos entre sub-17 e sub-19 do Dortmund. E, já agora, a equipa de Munique ganhou os últimos cinco jogos frente à equipa que veste de amarelo, incluindo a Supertaça do ano passado. A última vez que o Dortmund venceu foi precisamente na mesma competição, mas em 2019. O Bayern não tinha ganho na primeira jornada da liga alemã, ao contrário do Dortmund.

Com o Borussia Dortmund a jogar em casa, estava lançado um clássico, um jogaço, dos melhores clássicos que a Europa tem para mostrar.

Antes do jogo a homenagem a quem por ela fez: Gerd Müller, o “bombardeiro”, aquele que ainda é o melhor marcador da Bundesliga e morreu no passado domingo.

Morreu Gerd Müller, o “bombardeiro da nação” que ainda é o melhor marcador de sempre da Bundesliga

Cada equipa já trazia um jogo nas pernas, que ainda estão em forma de início de época, ou seja, por afinar, mas que correria dos rapazes de ambas as equipas no Signal Iduna Park, casa do Dortmund. Muitos roubos de bola, passes errados, um Borussia a defender perto, mas não em cima da área do adversário, que pressionava até ao guarda-redes Gregor Kobel.

Sem Raphaël Guerreiro, o Dortmund conseguiu tomar alguma iniciativa no jogo, mas antes já o Bayern podia ter feito golo, não fosse Coman, em frente à baliza, colocar a bola na bancada, cheia de adeptos barulhentos. Aos 20′, Neuer demonstrou (como se ainda fosse preciso) que é um dos melhores do mundo há muitos anos, com uma defesa monstruosa com o pé a uma bola de Reus, o eterno Reus, o fiel Reus, que não deixa o seu Borussia Dortmund. Isto é relevante pelo histórico de transferências Dortmund-Bayern, como Hummels, Götze ou Lewandowski.

À meia hora de jogo podia ter sido golo do Bayern, mas esse estava guardado para depois de mais uma defesa de Neuer. Gnabry trabalhou na esquerda e cruzou de pé direito, com Lewandowski a entrar “a abrir” pela área do Dortmund e a cabecear para golo. Estava feito o normal pelo do costume, mesmo em cima do intervalo…

… e no arranque do segundo tempo, Müller fez golo, aquele jogador que é enorme sem nunca se perceber porquê nem em que posição joga, e isto não é dito num mau sentido, longe disso. Cruzamento da esquerda, Lewandowski tenta dar de calcanhar, não se percebe se para a baliza ou para a assistência, A verdade é que o “25” do Bayern acabou mesmo por fazer o seu quinto golo sem Supertaças.

Um golo a acabar a primeira parte e outro a começar a segunda. Poderia resolver o jogo acabar com qualquer equipa, mas, ao Dortmund, “não lhe apeteceu”. Portanto, arrancaram para cima do adversário e, à entrada dos últimos 20 minutos de jogo, Reus, o eterno Reus, o fiel capitão Reus, fez um golo fantástico e relançou a partida.

O Borussia Dortmund “dominava” mas, como já referido, tentava sempre sair a jogar e o Bayern, mesmo por baixo, nunca, mas nunca dorme. Assim, Akanji central da equipa da casa, quis fazer um passe interior mas Tolisso, acabado de entrar, corta o passe e a bola sobre para Robert Lewandowski que, na cara do golo, quer dizer, sim, fez golo “facilmente”, sem grandes surpresas.  O Dortmund acabou a pecar por excesso e entregou o jogo.

Relativamente aos dois itens que prometiam golos, ficámos em 75%, pois Halland, porque Neuer não foi na cantiga, não conseguiu um remate certeiro. Lewandowski, esse, no dia de homenagem a Müller, confirmou que é o novo “bombardeiro” de Munique, naquele que foi o primeiro título do treinador Julian Nagelsmann.

Que jogo, que intensidade dos dois conjuntos e, no final de contas, o Bayern Munique ganhou a sexta Supertaça em sete anos, a nona da sua história e mais uma frente ao rival.