Dois senadores brasileiros acusaram esta quarta-feira o procurador-geral da República (PGR), Augusto Aras, de se omitir face a alegados crimes cometidos pelo Presidente do país, Jair Bolsonaro, numa participação enviada ao Supremo Tribunal Federal (STF).

A denúncia foi feita pelos senadores Fabiano Contarato, da Rede Sustentabilidade, e Alessandro Vieira, do Cidadania, e refere-se a várias denúncias contra Bolsonaro que foram ignoradas pelo procurador-geral.

“O Presidente da República acusa o sistema eleitoral brasileiro de fraude, sem provas, intimida o Congresso com tanques nas ruas, estimula multidões e se opõe a medidas sanitárias de combate ao covid, ameaça o Supremo Tribunal Federal”, enumera a denúncia apresentada pelos senadores.

A participação acrescenta que perante estes ataques às instituições, o procurador-geral Augusto Aras “não fez absolutamente nada”, “permanece inerte” e assume uma “atitude relutante”, quando é o responsável pela investigação de possíveis crimes cometidos por um Presidente no exercício de suas funções.

PUB • CONTINUE A LER A SEGUIR

A ação movida por Contarato e Vieira prevê que Aras seja objeto de investigação no Conselho Superior do Ministério Público Federal por aquilo que consideram “ofensas” ao Estado democrático de direito que sejam “incompatíveis com a dignidade de seu cargo”.

Aras foi nomeado PGR em setembro de 2019 por Jair Bolsonaro, com quem está ideologicamente alinhado, e arquivou ou atrasou todos os pedidos de investigação que foram formulados contra o Presidente brasileiro em várias questões.

Seu mandato de dois anos à frente do Ministério Público termina no próximo mês, mas Bolsonaro já antecipou que o promoverá para permanecer no cargo até 2023. Porém, sua continuidade deve ser avaliada pelo Senado, no qual a oposição a Jair Bolsonaro cresceu nos últimos meses, indo da esquerda a grupos de direita moderada, distanciados do Presidente sobretudo por sua atitude negacionista na pandemia de Covid-19, que já matou mais de 570 mil brasileiros.