Greta Thunberg acusa o Reino Unido de mentir quando se afirma como líder em questões climáticas. Numa mensagem divulgada em vídeo e transmitida numa conferência de imprensa sobre um estudo publicado na sexta-feira pela UNICEF acerca do impacto das alterações climáticas nas crianças, a ativista sueca voltou a tecer várias críticas aos líderes mundiais, as mais duras dirigidas aos britânicos.

O Reino Unido é “muito bom em contabilidade criativa carbónica”, mas que isso ”não quer dizer muito na prática”, aponta. “É mentira o Reino Unido afirmar-se como líder climático e o facto de eles terem reduzido as suas emissões de CO2 em 44% desde 1990”, acusa Greta Thunberg, citada pelo The Telegraph.

“Se se incluírem fatores como a aviação,transporte e subcontratação e por exemplo… o consumo,  a queima de biomassa, realmente não parece assim tão bem. Por isso espero mesmo que paremos de referir o Reino Unido como um líder do clima, porque se olharmos para a realidade isso simplesmente não é verdade.”

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O estudo da UNICEF — que apresenta a primeira visão abrangente acerca da exposição das crianças e da sua vulnerabilidade perante as alterações climáticas —  revela que o impacto de pelo menos um dos fatores, se irá repercutir em cada uma das as 2,2 mil milhões de crianças existentes no mundo.

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A poluição do ar, as cheias e o aumento de frequência de fenómenos extremos são, de acordo com o documento da organização humanitária, os fatores que mais ameaçam as gerações mais novas.

Face a estes novos dados agora revelados, e por ocasião da data em que se assinalam três anos da fundação da plataforma Sextas-Feiras pelo Futuro (Fridays for Future), Greta Thunberg acusa os líderes mundiais de inação, apontando que têm que começar a encarar a situação das alterações climáticas como a verdadeira crise que é.

Quanto à cimeira do clima COP26, que vai decorrer em novembro, em Glasgow, – vista como a última oportunidade de lidar com a emergência climática – a ativista ambiental que espera comparecer, quatro meses depois de ter ameaçado não ir devido ao acesso desigual às vacinas contra a Covid-19, mas confessa não estar muito otimista acerca dos resultados que possam sair do encontro.

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Greta Thunberg afirmou que “as crianças são as que mais sofrerão com os impactos desta crise e as que irão sofrer mais com as suas consequências…” Para “mudar as coisas e arranjar soluções para a atual crise climática – não apenas para os sintomas – precisamos de ir à raiz do problema da crise climática e precisamos de a tratar como uma crise”.

“A não ser que as pessoas no poder estejam a dispostas a fazê-lo agora, então vai tudo continuar como agora. Infelizmente eu não espero que o façam… mas pelos menos ficarei feliz se conseguirem provar que estou errada”, reforça.

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A ativista, que fez 18 anos em janeiro, tinha anunciado em abril que não queria ir à 26.ª Conferência das Partes (COP26) da Convenção-Quadro da Organização das Nações Unidas sobre Alterações Climáticas (UNFCCC, na sigla em Inglês), “devido à distribuição extremamente desigual das vacinas” contra a Covid-19.

Adiada já um ano por causa da pandemia do novo coronavirus, a COP26 está agendada para a capital escocesa, entre 01 e 12 de novembro, para identificar respostas à urgência climática.