O navio “Geo Barents” da organização não-governamental (ONG) Médicos Sem Fronteiras (MSF), com 322 migrantes resgatados a bordo há vários dias, reforçou esta sexta-feira os pedidos para ter autorização de aportar num porto europeu seguro.

Os migrantes foram resgatados na chamada rota do Mediterrâneo Central, encarada como uma das mais mortais, que sai da Tunísia, Argélia e da Líbia em direção a Itália, em particular à ilha de Lampedusa, e a Malta.

Muitos dos sobreviventes fugiram de abusos e de detenções na Líbia e estão muito vulneráveis. Temos a bordo 90 menores de idade e o mais jovem tem apenas duas semanas de vida”, informou a ONG através das redes sociais.

Segundo descreveu a presidente da MSF Itália, Claudia Lodesani, “é como assistir ao mesmo filme várias vezes”.

“Não nos cansaremos nunca de salvar aqueles que arriscam as suas vidas no mar. Esperemos que se cansem de evitá-lo”, sublinhou a representante.

Devido à situação do país, imerso num caos político e securitário desde a queda do regime de Muhammar Kadhafi em 2011, a Líbia não é considerada “um porto seguro” para os migrantes.

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No território líbio, grande parte dos migrantes estão retidos em centros de detenção sobrelotados e com condições de vida muito precárias e desumanas.

O navio da MSF realizou a primeira operação de resgate em 05 de agosto, tendo salvando na altura 25 migrantes.

Dias mais tarde, em 16 de agosto, o “Geo Barents” realizou outros resgates, contando atualmente com 322 pessoas a bordo.

Entretanto, outro navio humanitário que estava na mesma zona do Mediterrâneo, fretado pela ONG ResQ-People, conseguiu aportar, na quarta-feira, no porto siciliano de Augusta e efetuar o desembarque de 166 migrantes resgatados, após as autoridades italianas terem dado “luz verde” à manobra.

Perante a ausência de resposta por parte das autoridades de Malta aos pedidos dos navios de resgate humanitário, Itália está a assumir neste momento todo o fluxo de migrantes da rota central.

Desde o início deste ano, segundo os dados mais atualizados, desembarcaram em Itália um total de 32.806 migrantes, um número que representa um aumento significativo em relação ao ano passado (15.406 migrantes) e ao ano anterior (4.265).

Durante o primeiro semestre deste ano, pelo menos 896 pessoas morreram no Mediterrâneo quando tentavam alcançar as costas europeias, em particular as italianas, de acordo com a Organização Internacional para as Migrações (OIM).