Pelo menos quatro dos oito polícias da esquadra de Alfragide condenados no caso das agressões a seis jovens da Cova da Moura já começaram a pagar as indemnizações às vítimas, noticia esta quarta-feira o jornal Público.

De acordo o mesmo jornal, o agente João Nunes pagou 5.700 euros a Celso Lopes, enquanto os agentes Joel Machado e Hugo Gaspar pagaram as indemnizações a Rui Moniz, e o agente André Castro e Silva pagou a Bruno Lopes.

Luís Anunciação, que chefiava a Esquadra de Alfragide quando ocorreram os crimes — a 5 de fevereiro — ainda não pagou qualquer valor às vítimas, sendo que foi condenado a pagar o valor mais elevado: 50 mil euros, divididos por cinco dos seis jovens da Cova da Moura. O seu advogado, no entanto, garantiu que iria cumpri a decisão do tribunal e pagar as indemnizações.

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“Não há nada de digno no ato de pagarem a indemnização porque não foi por vontade própria, nem por terem reconhecido o que quer que fosse”, afirmou ao Público Celso Lopes, que foi baleado no perna e teve de fazer fisioterapia. “Aquilo que sofremos, vamos ter de viver com isso para o resto da vida. Mesmo quando ganhámos na primeira instância e pedimos recurso era no sentido de pedir pena efetiva e não uma indemnização mais avultada”, acrescentou.

Dos oito agentes, apenas Joel Machado está a cumprir pena de prisão efetiva de um ano e seis meses, por ter antecedentes pelo crime de ofensa à integridade física. Os restantes foram condenadas a penas suspensas e não foi aplicada a suspensão de funções.

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No dia 5 de fevereiro de 2015, a Polícia de Segurança Pública deteve Bruno Lopes na Cova da Moura, alegando que este tinha atirado pedras à carrinha da polícia. Depois, amigos de Bruno Lopes deslocaram-se até à esquadra de Alfragide para saber como estava o amigo e acabaram detidos.

Durante o período em que estiveram no interior da esquadra, foram agredidos e insultados por vários agentes. O Tribunal da Relação confirmou, em novembro de 2020, a sentença de maio de 2019, em que os oito agentes foram condenados pelos crimes de sequestro agravado, ofensas à integridade física qualificada, injúria, denúncia caluniosa e falso testemunho. A acusação de que os crimes foram cometidos por ódio racial, no entanto, caiu, apesar de o tribunal ter dado comprovado que foram feitos insultos racistas.