Quando se pensa em desportivos com emblema da BMW, o que nos vem à mente são modelos discretos, mas potentes, rápidos e com chassis eficazes, capazes de proporcionar gozo a quem está ao volante. Daí que o novo M4, sobretudo na versão Competition, a mais desportiva e possante, fosse visto como mais uma confirmação destes pergaminhos da marca alemã. O que caiu por terra com o teste de esquiva do alce que o site Km 77 leva a cabo regularmente com os modelos mais sonantes do mercado.
O teste do alce surgiu na Suécia nos anos 70, porque desviar-se de um destes bichos com o peso de um boi adulto, mas com pernas mais altas (o que incrementa a possibilidade de danos, uma vez que o animal tem tendência a “entrar” pelo pára-brisas), quando a circular em estrada, é um dos principais motivos de morte em acidentes nos países nórdicos. Apesar da sua existência, poucos falavam deste teste, que consiste em sair da sua faixa de rodagem para evitar o alce, para depois voltar à faixa original. Isto até o teste do alce sueco provar a pouca ou nenhuma eficiência do Mercedes Classe A neste tipo de manobra, em 1997. O escândalo foi tremendo, com o pequeno tracção à frente da Mercedes a ser retirado do mercado até estar equipado com ESP, um sistema de estabilidade electrónico que impedia o carro de potencialmente capotar para evitar o animal.
Rapidamente os países não nórdicos se aperceberam que o teste do alce reproduzia na perfeição a mesma situação de um condutor que se desvia de uma criança a correr atrás de uma bola, ou de um carro que decidiu realizar uma marcha-atrás e invadir a via à sua frente, que se impunha evitar. Isto fez disparar o interesse generalizado em todo o mundo no teste do alce, como forma de analisar a eficiência de um veículo pela velocidade a que consegue realizar a manobra. Sendo que um desportivo, mais baixo e com suspensões mais duras tem maior probabilidade de sucesso, mas depende muito das ajudas electrónicas e da sua sofisticação.
O BMW M4 Competition, equipado com o 3.0 com seis cilindros em linha e biturbo, que fornece 510 cv, atacou o teste do alce a várias velocidades, mas sem conseguir evitar derrubar os pinos. Apenas a 76 km/h, o M4 conseguiu cumprir o trajecto, isto referindo-se à velocidade de entrada no duplo S, para a meio já rodar a 66 km/h e no final sair a 41 km/h. Valores pouco compatíveis com um desportivo com o gabarito de um M4, para mais Competition.
Não só os 76 km/h do BMW M4 na manobra do alce não impressionam, em termos absolutos, como o BMW foi batido por rivais como o Alfa Romeo Giulia Quadrifoglio, que percorreu a pista sem tocar nos pinos a 77 km/h, enquanto o Audi RS4 Avant – necessariamente mais pesado e com mais massa sobre o eixo traseiro, o que o desfavorece – evitou o alce a 79 km/h e o Mercedes-AMG C 63S fez o mesmo a 80 km/h.
Curiosamente, na lista dos modelos testados pelo Km 77 sobressaem outros dois modelos de interesse, sendo um deles o Porsche 911 Turbo S, mais potente, mais desportivo e de quem se esperava uma prova “canhão”. Apesar dos pneus muito largos, uma altura ao solo muito inferior e uma suspensão em Sport+, o 911 Turbo S percorreu o trajecto a 82 km/h. O que chegou para bater BMW, Audi e Mercedes, mas não um Tesla Model 3 Long Range, veículo que estava a fazer um teste de longa duração e que embora já tivesse 52.000 km, muito mais do que os restantes veículos, evitou o alce a 83 km/h. E sem ser uma versão desportiva, já para não mencionar a diferença no preço. Veja os dois testes abaixo: