Foram os quatro nomes que agitaram as conversas num congresso sem história e ocuparão, agora, quatro lugares no órgão máximo de decisão do PS entre congressos. Fernando Medina, Mariana Vieira da Silva e Pedro Nuno Santos vão passar a fazer parte da Comissão Nacional do partido, por indicação da direção do PS. Juntam-se assim a Ana Catarina Mendes, que já lá estava — o que significa que o “bando dos quatro” possíveis sucessores (a que António Costa juntava Marta Temido, este fim de semana) foi escolhido para participar em mais um órgão interno dos socialistas.

Mas as figuras conhecidas dentro e fora do PS não ficam por aqui, o que significa também que, desta vez, os órgãos de decisão mais restritos no PS (a Comissão Política, o Secretariado e a Comissão Permanente) resultarão da escolha de uma Comissão Nacional com mais peso político. Este ano, os nomes que compõem a CN são os que se encontravam, em grande parte, até agora nos órgãos mais reduzidos. E, constata-se no PS, Costa ganha mais liberdade para os constituir, tendo já incluído todas estas figuras no órgão mais alargado.

A lista foi, desta vez e ao contrário do que aconteceu nos últimos congressos, construída em diálogo com o único adversário de António Costa, Daniel Adrião, que obteve 6% dos votos na votação para secretário-geral. Como Adrião diz ao Observador, houve contactos com o secretário-geral adjunto do PS, José Luís Carneiro, dias antes do congresso para apresentar uma lista única. Foi um “esforço de unidade que respeita a diversidade e pluralidade de opiniões” para que o partido se concentrasse na governação, e não em divisões internas, explicava Carneiro em entrevista ao Observador, durante o congresso.

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Durante essa negociação, Adrião pediu que os nomes fossem ordenados por ordem alfabética, “como é tradição no PS”, o que significa que nem os nomes de Costa estão à frente dos indicados por Adrião, nem dentro das escolhas da direção e do grupo de sucessores se revelam preferências, pelo menos na posição em que os nomes aparecem.

A lista deste ano é encabeçada por Carneiro — já em 2018 o primeiro nome indicado tinha sido o de Ana Catarina Mendes, que ocupava o lugar que é agora de Carneiro, de secretário-geral adjunto. Desta vez, os nomes dos dois são os primeiros da lista — e os únicos que não estão ordenados por ordem alfabética.

A seguir, há outras novidades: o Governo ganha peso na lista, uma vez que além de Vieira da Silva há quatro ministros que entram no órgão (Alexandra Leitão, da Modernização Administrativa; Augusto Santos Silva, ministro de Estado e dos Negócios Estrangeiros; Eduardo Cabrita, da Administração Interna; e João Pedro Matos Fernandes, do Ambiente e da Ação Climática; além de João Galamba, que é secretário de Estado Adjunto e da Energia).

Do elenco passam também a fazer parte Eduardo Ferro Rodrigues, presidente da Assembleia da República; Francisco André, ex-chefe de gabinete de António Costa; a ex-ministra Maria de Belém; o eurodeputado Pedro Silva Pereira; o candidato à Câmara do Porto, Tiago Barbosa Ribeiro, e a Gaia, Eduardo Vítor Rodrigues; e deputados como Pedro Delgado Alves e Porfírio Silva. Costa indicou ainda o ‘segurista’ Álvaro Beleza.

Já do lado do oponente Adrião, entre os 28 nomes — exatamente os mesmos que já tinha indicado no congresso anterior, embora eleitos por outra lista, nessa altura — encontram-se escolhas como António Marçal, presidente do Sindicato dos Funcionários Judiciais; do ex-deputado Ricardo Gonçalves, que no congresso fez algumas das críticas mais contundentes a Costa; ou o professor universitário Elísio Estanque.

Se a Comissão Nacional é o órgão mais alargado entre congressos e funciona como uma espécie de Parlamento do PS, com 251 membros, os órgãos mais restritos — Comissão Política, Secretariado Nacional e Comissão Permanente — só serão escolhidos na primeira reunião da Comissão Nacional, após as eleições autárquicas de 26 de setembro.