A família do jornalista norte-americano Danny Fenster, detido pelo regime militar de Myanmar em maio, apelou à sua libertação no centésimo dia da sua detenção. O país asiático vive uma grave crise social desde o golpe de 1 de fevereiro, em que a junta militar derrubou o governo e tomou o poder.

Segundo reporta a agência France Presse, a família acredita que o jornalista tenha contraído Covid-19 durante a sua detenção, mas afirma que não foi testado. Na última chamada que os parentes conseguiram ter com Fenster, a 1 de agosto, ele aparentou estar a sofrer de confusão mental e de falta de paladar e cheiro, contaram durante uma conferência (por chamada) com jornalistas dos Estados Unidos esta terça-feira.

PUB • CONTINUE A LER A SEGUIR

Fenster, que é o editor-executivo da revista Frontier Myanmar, está sob investigação por uma lei que criminaliza a dissidência, crime cuja sentença pode constituir um máximo de três anos de prisão. A mãe do jornalista explicou que a família apenas tem conseguido ter uma comunicação limitada com ele em Myanmar, apesar dos esforços feitos pela embaixada dos EUA para assegurar a sua liberdade.

Já o irmão comentou que Danny não era um ativista nem um repórter, mas sim “uma pessoa que estava sentada atrás de uma secretária”. “A voz dele soa forte… Ele ainda tem sentido de humor, o que é incrível, mas consegues sentir e ouvir a ansiedade e a frustração na sua voz ao mesmo tempo”, acrescenta o irmão.

O apelo da família surge a poucos dias da próxima audiência de Fenster, na segunda-feira, ainda sem haver informações claras acerca do que poderá acontecer. O jornalista foi detido quando tentava sair de Myanmar — para ir visitar a família — no aeroporto de Rangun, a 24 de maio. Estava a trabalhar para o meio de comunicação mianmarense há cerca de um ano.

Há um mês, os pedidos da embaixada norte-americana para ver o detido foram recusados. Ainda assim, o pai de Fenster afirmou estar otimista com as possibilidades da libertação do filho. “Eles não o acusaram, e eu acho que isso é alguma coisa”, admitiu.

Já mais de 1.000 civis foram mortos em Myanmar durante a repressão militar, ainda em curso, segundo dados da Associação de Assistência para Presos Políticos local. A imprensa tem sido restringida e pressionada numa tentativa da junta de controlar a informação em circulação.

“Mais do que assustados, estamos furiosos.” Está a nascer uma resistência armada em Myanmar